sábado, 18 de janeiro de 2020

Minha década com os animes: uma retrospectiva



Em 2014, a minha vida mudou. Um novo horizonte se abriu diante de meus olhos e me guiou em direção a um caminho repleto de luz e felicidade. Foi o ano em que fui introduzido ao mundo dos animes. Parece brega pra cacete dizer isso, além de me fazer soar como um otaku fedido, mas é a pura realidade. O impacto que diversos animes tiveram em minha vida é imensurável e moldaram a quem sou hoje. Acho que é normal você ver um adolescente edgy que assistiu Tokyo Ghoul e Death Note falar algo parecido, mas isso está vindo da boca de alguém que começou a assistir animes com 18 anos.


Eu sempre tive um baita preconceito com animes. Era um daqueles caras que zoava que japonês, coreano e chinês era tudo igual. Achava que animes eram só porradaria tosca e peitos balançando. Nunca gostei de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, dois gigantes que todo brasileiro cultua até hoje. O máximo que eu assistia era Pokémon e Yu-Gi-Oh e nem sabia que eram japoneses. Lembro da época do MSN em que eu ridicularizava um amigo que gostava de animes de garotas fofas e mandava diversos emotes de K-ON!. Que ironia.

Sim, eu ainda tenho guardados os históricos do MSN.

Mas tudo isso mudou quando uma amiga me recomendou um filme chamado O Castelo Animado em 2014. Nunca havia me sentindo tão encantado por algo como pela beleza desse filme, uma obra que exalava vida em cada um de seus frames. Senti a necessidade de procurar outros trabalhos dos responsáveis por essa maravilha, e foi assim que fui introduzido ao trabalho do Studio Ghibli, minha porta de entrada ao mundo dos animes.

Os filmes do estúdio do Hayao Miyazaki e Isao Takahata foram o gatilho da minha transição de um adolescente babaca e constantemente deprimido para um rapaz esperançoso de seu futuro e sempre feliz. Alguns de seus filmes me marcaram mais do que outros, mas posso dizer que o catálogo inteiro do Studio Ghibli foi responsável por me inspirar como nada antes em minha vida. Seu impacto em mim foi tão grande que até dei duas palestras a seu respeito em minha faculdade, um dos diversos momentos de superação que seus filmes me proporcionaram.

Eu palestrando em 2015 durante um evento na faculdade onde estudei, a FAPCOM.

Apesar dessa ter sido a minha porta de entrada aos animes, eu demorei para me abrir a outras vertentes. O que quero dizer com isso é que, entre 2014 e 2016, apenas procurava por trabalhos similares aos do Studio Ghibli, de preferência filmes. Assisti à filmografia inteira de diretores como Mamoru Hosoda e Satoshi Kon e a alguns longas do Katsuhiro Otomo e do Mamoru Oshii. As poucas séries que vi tinham relação ao Miyazaki e ao Takahata, como a única animação para TV que o Miyazaki dirigiu, Future Boy Conan (meu review), e os animes do World Masterpiece Theater. Acho que as únicas séries que assisti durante esse período que fogem dessa regra foram JoJo’s Bizarre Adventure e Hokuto no Ken, dois animes de caras bombados que sentam porrada em geral. Escolhas um tanto curiosas, eu diria.

Eu escrevi extensivamente aqui no blog sobre as séries do World Masterpiece Theater, pois grande parte delas se tornaram tão importantes quanto o Studio Ghibli para mim. Apesar de serem adaptações de clássicos da literatura infantil mundial, diversos dos meus valores hoje se dão por conta de aprendizados proporcionados por esses trabalhos. Estes podem até ser considerados "para crianças", mas os temas intrínsecos a nós como pessoas são tratados de forma sublime com uma maturidade que deixa muitos animes considerados maduros no chinelo.

Um dos muitos diálogos marcantes de um dos animes do WMT:
"Nós, como adultos, não podemos menosprezar as aspirações das crianças. É algo triste uma criança perder suas aspirações e a força de vontade por trás delas quando crescer".

Foi só lá pro início de 2017 que comecei a ampliar meu leque de animes. Decidi sair da zona de conforto e assistir uma variedade enorme de séries, sejam elas antigas ou novas. Isso é importante ressaltar, porque eu tinha preconceito com animes novos. Eu, há 5 anos atrás, jamais imaginaria que algo lançado essa década poderia me marcar tanto quanto um filme do Studio Ghibli, mas foi justamente o que aconteceu, especialmente após conhecer o trabalho de um estúdio que vocês que me conhecem sabem muito bem qual é.

Foram diversos os animes que assisti em 2017 que me impactaram. Clássicos como Neon Genesis Evangelion e Sakura Card Captors, marcos contemporâneos como Little Witch Academia e jóias pouco populares como Yama no Susume, além de ter sido o ano que fui introduzido ao estúdio supracitado, a Kyoto Animation, por meio de trabalhos como Chuunibyou demo Koi ga Shitai e K-ON!, os quais venero até hoje.

A KyoAni me encantou com o visual exuberante e os temas humanos de suas obras, os quais se complementam ao oferecer experiências que se comunicam diretamente com o interior de quem as assiste, por meio da atenção meticulosa aos detalhes na direção e na animação dos personagens e dos ambientes onde estão inseridos, que faz com que fiquemos imersos na vida destes e em seus sentimentos. Seus personagens se tornam pessoas importantes para nós, um vínculo que emociona e inspira a níveis estrondosos. Isso é algo que permeia todo o catálogo do estúdio, salvo algumas exceções (*cough* Phantom World *cough*).

Cena belíssima do filme Koe no Katachi (meu review), uma das muitas em que nada é dito, mas tudo é sentido.

Em 2018 tomei outro passo adiante e comecei a assistir os famigerados animes de temporada, ou seja, acompanhei séries durante seu lançamento, assistindo os episódios diariamente. Meu interesse por animes cresceu tanto que até fiz uma conta na Crunchyroll, cujo motivo principal originalmente era só pra conseguir assistir a nova sequência de Sakura Card Captors logo que os episódios lançavam. Mal sabia eu que essa sequência seria uma baita decepção...

Mas pelo menos fiz um ótimo uso da conta e assisti diversas coisas. O primeiro anime que decidi acompanhar desde o primeiro episódio foi Sora Yori mo Tooi Basho e devo dizer que essa talvez tenha sido uma das melhores decisões da minha vida, pois foi uma jornada envolvente como nenhuma outra, é uma das animações mais inspiradoras já criadas. Ao fim de 2018 eu já não estava assistindo muitas séries e o preço da assinatura aumentou pra 7 dólares, que dava por volta de 200 reais na época, então decidi cancelar.

Exato Mari, se converter 7 reais pra dólar dá isso aí.

E o ano seguinte foi um verdadeiro contraste em relação ao anterior. Enquanto 2018 foi o ano em que mais vi animes e mais acompanhei os de temporada, em 2019 eu mal assisti qualquer coisa e apenas acompanhei três animes em seu lançamento. Não sei dizer o que ocasionou essa perda de interesse, mas não há dúvidas de que foi um ano terrível pra mim como fã de anime, especialmente por conta da tragédia que assolou a KyoAni em julho, sobre a qual falei brevemente em meus awards de 2019.

Contudo, o encerramento da década veio reluzente como a personagem Miki Hoshii durante uma apresentação crucial de seu grupo no último anime que assisti na década, em dezembro de 2019, The iDOLM@STER. Fazia tempo que não me apegava tão forte a um anime. Seu conteúdo é o gás que eu precisava para deixar de lado a preguiça que me consumiu com força opressora ano passado e voltar às minhas atividades com determinação.

A legenda ali em cima representa exatamente meus sentimentos por essa série. Um obrigado do fundo do coração.

Por conta disso, comecei a nova década com o pé direito. Em relação a animes, já peguei uns três dessa temporada de inverno pra assistir e já posso dizer que um deles certamente será um dos melhores de 2020 - Eizouken ni wa Te wo Dasu na!, dirigido pelo gigante Masaaki Yuasa. Inclusive um dos meus planos para esse ano é assistir todos os trabalhos dele, porque nunca assisti nada e sei que ele é talentosíssimo e com um estilo único.

Só essa abertura genial já faz desse o Anime of the Year de 2020.

Bom, essa foi a retrospectiva da minha década com os animes. Mas ainda tem mais. Eu assisti muitos trabalhos que me marcaram ou fazem parte da minha personalidade hoje em dia, por isso preparei um top 15 dos meus animes favoritos que assisti nessa década, com alguns comentários da minha experiência com cada um deles. Lembrando que não é um ranking apenas de animes lançados nos anos 2010, e sim do que assisti na década.

Mas antes, quero fazer algumas menções honrosas que merecem seu momento de destaque. Essas eu farei na minha ordem cronológica, ou seja, na ordem que os assisti, a começar por 2014:

Meu Amigo Totoro (1988, Studio Ghibli, dir. Hayao Miyazaki)


Sinceramente, eu poderia incluir todos os filmes do Hayao Miyazaki aqui, porque todos eles são incríveis e me encantaram de todas as formas possíveis. O Castelo Animado foi meu primeiro contato aos seus mundos idílicos, O Castelo no Céu é um dos melhores filmes de aventura já criados, O Castelo de Cagliostro é outra aventura charmosa que diverte do início ao fim, O Castelo de Chihiro é um… Não, pera… A Viagem de Chihiro une um conto de amadurecimento inspirador a um mundo fantasioso fascinante, Nausicaä e Princesa Mononoke são dois épicos com um poder conscientizador maior que o Greenpeace em relação ao meio ambiente e, em Porco Rosso e Vidas ao Vento, seus trabalhos mais pessoais, o diretor expressa tanto seu lado pessimista quanto esperançoso sem falhar em emocionar.

Mas o meu segundo favorito dele (porque o primeiro tá no top 15) é aquele que deu origem ao mascote do estúdio, Meu Amigo Totoro. Acho que não existe uma animação mais confortável que essa. Talvez seja o filme que mais tenho vontade de viver dentro. É uma das melhores representações do fascínio de uma criança por tudo que a cerca, uma obra feita para te compelir a explorar o mundo em que vive e assim descobrir novas alegrias. Não importa quantas vezes eu reassista Totoro, é um filme que nunca falha em aquecer meu coração.

Confira aqui minha análise completa de 2014, a primeira que escrevi ao blog sobre um anime (minha escrita evoluiu bastante desde então, só pra avisar…)

Túmulo dos Vagalumes (1988, Studio Ghibli, dir. Isao Takahata)


Já esse aqui é o completo oposto do filme acima. Hoje em dia devo admitir que não enxergo Túmulo dos Vagalumes com tanto primor, mas quando o assisti pela primeira vez… Rapaz… Nunca qualquer obra audiovisual havia provocado uma reação emocional tão forte em mim como o que senti ao terminar esse filme. Fiquei deitado em minha cama chorando por alguns minutos, tentei levantar pra conversar com alguns amigos no Teamspeak, cheguei a entrar no programa e dar um oi, mas deu vontade de chorar novamente e voltei pra cama. Nesse dia a sensação que tive ao comer arroz puro foi como se fosse a melhor comida do mundo, deliciando cada grão.

Não é a toa que esse é considerado um dos melhores filmes de guerra já feitos. Uma animação, considerada um dos melhores filmes de guerra. Isso mostra o quão poderosa ela é. Uma animação que não hesita em mostrar os horrores da guerra do ponto de vista de duas crianças de forma cruel. E pensar que esse filme foi exibido em conjunto de Totoro quando foi lançado no Japão… Coitadas das crianças.

Os três primeiros filmes de Mamoru Hosoda (2006/2009/2012, Madhouse e Studio Chizu)

Os filmes do diretor Mamoru Hosoda foram os primeiros que assisti após os do Studio Ghibli, ainda em 2014, e na época eu gostei deles tanto quanto a maioria dos trabalhos do Miyazaki e do Takahata. Quando digo "os três primeiros", me refiro aos longas A Garota Que Saltava no Tempo, Summer Wars e Wolf Children. Ele fez alguns filmes antes desses, uns de Digimon e One Piece, mas os que citei são os seus primeiros mais autorais.


A Garota Que Saltava no Tempo (meu review completo) é um dos meus filmes favoritos de viagem no tempo e também um dos mais únicos desse gênero, já que adapta o conceito para um contexto slice of life. Nada de viagens aos distantes futuro ou passado e mudanças fatais no tempo - apenas uma garota que vai e volta no tempo para fazer coisas triviais em seu dia-a-dia. É uma animação que diverte ao mesmo tempo que traz reflexões pertinentes sobre como suas ações podem afetar a vida daqueles próximos a você.


Summer Wars é um dos filmes de família mais divertidos que já assisti, com um elenco de personagens gigantesco e carismático e aquela vibe gostosa de passar um fim de semana no sítio da vovó durante uma reunião familiar, algo que eu fazia bastante quando era pequeno. Esse é o único dos três filmes citados aqui que é pura diversão e nada além disso, o que não é necessariamente um problema, já que te mantém entretido com um sorriso no rosto o tempo inteiro.


Enquanto Summer Wars é um dos filmes de família mais divertidos, Wolf Children é um dos melhores filmes de família, sem mais. É uma história comovente e envolvente sobre as dificuldades de uma mãe solteira em criar dois filhos pequenos. Ah, também tem o fato deles serem metade lobos, o que dificulta tudo ainda mais. A forma como a obra aborda o valor da maternidade, as adversidades enfrentadas pela mãe, o crescimento das crianças e a aceitação de mudanças é fenomenal.

Infelizmente o Hosoda perdeu o jeito após Wolf Children e fez dois filmes fraquíssimos (escrevi sobre um deles aqui), talvez porque o seu segredo esteja mais nos roteiros do que na direção. A roteirista que ajudou a escrever os três primeiros filmes dele não está presente nos dois mais recentes, os quais foram escritos só pelo diretor. Talvez ele precise da ajudinha dela para voltar ao seu primor... 

Tokyo Godfathers (2003, Madhouse, dir. Satoshi Kon)


Logo depois do Mamoru Hosoda, foi a vez de eu assistir os trabalhos do Satoshi Kon, também em 2014. Seus filmes não me marcaram tanto quanto os do Hosoda, apesar de reconhecer que são obras incríveis, afinal, não é a toa que diretores famosos como Christopher Nolan e Darren Aronofsky se inspiraram em seu trabalho para criar alguns de seus maiores filmes: Paprika inspirou A Origem, enquanto Perfect Blue inspirou Cisne Negro. Por falar no Aronofsky, foi ele quem fez Mãe!, a pior merda que assisti essa década, e isso não tem nada a ver com o assunto mas acho válido deixar registrado aqui, beleza valeu flw.

Mas um filme do Kon que amei pra valer foi Tokyo Godfathers, um que não pode faltar em qualquer lista de melhores animações de natal. Eu o assisti pela primeira vez em uma mostra de filmes sobre o Miyazaki, o Kon e o Katsuhiro Otomo no Cine Belas Artes em São Paulo, onde tive a ótima experiência de reassistir diversos longas do Studio Ghibli numa tela de cinema. Infelizmente esse foi o único do Kon que consegui assistir, mas acabou se tornando o meu favorito dele.

Os ingressos de todos os filmes que assisti na mostra.

É uma comédia dramática de primeira classe com um roteiro espetacular, repleto de nuances e questões sociais. Com certeza o ponto mais forte são os personagens, tão carismáticos e cheios de profundidade que é impossível não se envolver com a trama. Devo admitir que esqueci bastante dele por fazer mais de 5 anos desde que o assisti a última vez, mas já tá nas prioridades da minha lista de coisas para serem reassistidas.

My Annette (1983, Nippon Animation, dir. Kozo Kusuba)


Esse eu assisti em 2016, quando estava no auge do meu interesse pelo World Masterpiece Theater. Nada me alegrava mais do que chegar em casa do trampo e assistir dois episódios de seus animes. Mantinha até a tradição de tirar prints de cenas bonitas e fazer anotações sobre os episódios em um bloco de notas, coisas que posteriormente passaria a fazer também com diversos outros animes, especialmente com os da KyoAni.

Annette é uma das diversas animações do WMT com as quais criei um vínculo emocional forte. Nesse caso, o espetáculo fica por conta da dupla principal Annette e Lucien e pela forma como o psicológico deles é explorado com uma profundidade surpreendente. Sério, é difícil de acreditar como um anime considerado infantil retrata com tamanha complexidade o estado mental destes personagens diante de sentimentos conflitantes de amor, raiva, culpa e inveja.


Em seu núcleo, Annette é uma história sobre o ato de perdoar, que mostra o caminho sinuoso até alcançá-lo por meio de uma relação multifacetada entre duas pessoas imperfeitas que se machucam muito apesar de se amarem. É uma pena que esse seja um anime insanamente obscuro, pois as pessoas tem muito o que aprender com ele.

Confira aqui minha análise completa de 2016.

Yama no Susume (2013, 8bit, dir. Yuusuke Yamamoto)


Sabe quando você tá no YouTube sem saber o que assistir e decide clicar em um vídeo dos recomendados que chamou a sua atenção? Foi assim que cheguei em Yama no Susume, durante as minhas férias em setembro de 2017. Também durante esse tempo eu assisti Chuunibyou, fiz uma viagem maravilhosa ao Rio Grande do Sul com meus melhores amigos e zerei Super Mario Sunshine (meu review) de novo depois de anos. Foram boas férias…

Enfim! Se eu fosse descrever Yama no Susume em duas palavras seriam fofura e determinação. Nada melhor para garotas fofas que gostam de trilhar montanhas, não é mesmo? Esse é um anime que te deixa com uma vontade enorme de sair de casa e procurar a trilha mais próxima de você, além de fazer com que queira visitar o Japão e suas montanhas mais do que tudo no mundo, já que funciona como um guia turístico do país e retrata suas paisagens por meio de desenhos deslumbrantes.


A obra não só te deixa com vontade como te instrui a trilhar montanhas, graças à protagonista Aoi que começa a série sem conhecimento nenhum sobre trilhas, então aprendemos junto dela sobre todo o equipamento, preparo físico e as precauções necessárias. Além de queridíssima, é bonito ver a transição dela de uma garota tímida que evitava experiências novas para alguém que abraça uma dessas experiências e a transforma em sua maior paixão, a qual a ajuda a superar seus medos e se tornar uma pessoa mais forte. Fofura e determinação.

Confira aqui minha análise de 2017 sobre as duas primeiras temporadas.

Mob Psycho 100 (2016, Bones, dir. Yuzuru Tachikawa)


Eu até que assisti vários animes de ação e luta, mas apenas um deles merece de verdade aparecer aqui - Mob Psycho 100, assistido em 2018. Essa série é um espetáculo em todos os sentidos. Visualmente é um show de fluidez, dinamismo, cores e estilo, certamente um dos animes mais únicos nesse aspecto. A forma como explora diferentes traços e estilos de animação frequentemente torna a experiência imprevisível, porém fascinante. Tem até trechos animados usando pintura a óleo! As lutas são algumas das mais elaboradas de qualquer animação japonesa e te deixam vidrado na tela do computador, tomado por euforia.

Mas talvez seu maior espetáculo seja o desenvolvimento de seus personagens e os temas abordados. Eu pessoalmente não consigo sentir uma conexão com animes de ação, não consigo me identificar com o que é mostrado, pois na maioria dos casos o conteúdo é feito apenas pra entreter e causar reações do tipo "caralho, que luta foda!" e fazer você torcer pro protagonista quebrar o vilão. O único anime de ação com o qual senti uma conexão foi Mob, pois é um dos mais únicos do gênero no sentido de que lutas ficam de segundo plano aos sentimentos e conflitos pessoais dos personagens, abordados de forma com que sejam palpáveis.


Em qual anime do gênero você tem um protagonista tímido que vê seu poder como um problema? Em qual anime do gênero superpoderes são tratados apenas como uma habilidade pessoal tipo tocar piano? Qual anime do gênero explora relacionamentos de forma aprofundada e às vezes até emocionante? É raríssimo encontrar um anime de ação em que você consiga enxergar os personagens como humanos, mas Mob certamente é um deles.

Confira aqui minha análise de 2018 sobre a 1ª temporada.


Pois bem, chegou a hora dos grandes nomes. Cá estão os 15 animes que mais me marcaram durante a década (novamente, animes que assisti e não apenas os que foram lançados essa década).

15º LUGAR
Only Yesterday (1991, Studio Ghibli, dir. Isao Takahata)


Ao terminar esse filme, é bem provável que o seguinte pensamento venha à cabeça de muitas pessoas: "por que isso é uma animação e não um live-action?". É isso o que mais me fascina no trabalho do Isao Takahata - como ele mostrou ao mundo que animação não precisa de fantasia para funcionar, como a mídia é capaz de retratar situações realistas tão bem quanto obras live-action, com a vantagem de não ter as restrições de uma câmera real e das habilidades de um ator, algo capaz de proporcionar uma experiência que te coloca na pele dos personagens e do mundo onde estão inseridos de tal forma que apenas animações conseguem.

Na filmografia do diretor, Only Yesterday talvez seja o melhor exemplo disso, um filme no qual os únicos momentos de fantasia vêm da imaginação da personagem. É a história de uma mulher de 27 anos que passa por algumas crises e está cansada da vida na cidade grande, então decide ficar alguns dias numa área rural para esfriar a cabeça, onde começa a se lembrar das memórias afetivas de quando estava na 5ª série. É uma animação feita para adultos se identificarem, um conceito que o ocidente tem dificuldades em entender até hoje, especialmente os americanos, porque pra eles animação é SÓ para crianças. Não é a toa que esse filme só foi lançado nos EUA em 2016.


Esse longa é um caso tão singular na indústria que de início eu fiquei até confuso sobre o que eu havia achado dele quando terminei de assistir. Afinal, estamos falando de um filme com uma cena de 2 minutos de uma família provando abacaxi pela primeira vez. Você não encontra uma cena dessas em nenhum outro anime. Hoje essa é uma das minhas cenas favoritas do estúdio e Only Yesterday é o meu terceiro trabalho favorito deles, pois aprendi a enxergar beleza no mundano. Animações que procuram retratar a vida como ela é se tornaram aquilo que mais venero, algo que ficará evidente ao decorrer desse ranking.

14º LUGAR
Shirobako (2014, P.A. Works, dir. Tsutomu Mizushima)


Um anime sobre produção de animes. Senhoras e senhores, metalinguagem. Mas falando sério, Shirobako é um trabalho que todo fã de animação no geral precisa assistir, não só fãs de anime, pois aborda todos os passos necessários para dar vida a uma série, desde a concepção até a entrega do produto final. É um olhar detalhado nessa indústria repleta de problemas, ainda que não aborde com tanta profundidade os aspectos mais críticos da mesma, mas seu foco magistral em temas de carreira e realização pessoal faz desse um anime com um enorme potencial de inspiração para aqueles incertos de seu futuro.


Isso se deve ao incrível roteiro da obra, repleto de situações realistas atrás de situações realistas. Como alguém que trabalha em produtoras de vídeo, me identifiquei com muito do que a série retrata, pois compartilham de diversos problemas similares a estúdios de anime. Os diálogos de Shirobako estão entre os melhores de qualquer anime que já assisti, os quais proporcionam reflexões sobre tudo que diz respeito a habilidades pessoais, escolhas profissionais, insatisfação com o trabalho, entre outros tópicos que te ajudam a definir o rumo da sua vida. No fim tirei mais de 1000 prints do anime, metade deles de seus diálogos.

Análise completa em breve. 

13º LUGAR
Neon Genesis Evangelion (1995, Gainax, dir. Hideaki Anno)


Meu caso com Evangelion é bem peculiar. É uma obra tão complexa e fascinante que, até então, é a única série que reassisti logo após terminar pela primeira vez. O seu universo é envolto em mistério e levanta diversas questões ao decorrer dos episódios, mas eu devo admitir que não me importava tanto com isso, porque o que capturou completamente a minha atenção foram os personagens. Acho que, até hoje, nenhum outro anime que assisti trabalha o psicológico de seus personagens tão bem quanto Evangelion, os quais tem mais camadas que uma cebola (obrigado pela analogia, Shrek).

Eu fiquei obcecado pela obra durante uns três meses. Participei de grupos de discussões, li diversas teorias e adorava escrever as minhas interpretações. Porém, Evangelion é considerado pretensioso e um anime de elitista por muitos, algo que percebi ser uma realidade depois desses três meses, quando notei que eu estava me tornando um. Tinha aversão a páginas de memes a seu respeito, não aceitava como o grupo de shitposting do Facebook era mais popular que o de seriousposting, no qual eu era ativo.


Se você ler meu review escrito no início de 2017, fica claro como eu tento ditar uma forma correta de se assistir a obra, caso contrário você não a apreciará devidamente. Não, cara… Não é assim que funciona…  É o único anime nesse ranking que, a longo prazo, teve um impacto negativo em mim, mas não podia deixá-lo de fora. É uma das animações mais intricadas já criadas e uma que ainda admiro muito.

Confira aqui meu elitismo minha análise completa de 2017.

12º LUGAR
Little Women II: Jo's Boys (1992, Nippon Animation, dir. Kozo Kusuba)


Um comentário frequente que lia a respeito do World Masterpiece Theater era que a qualidade de seus animes começou a decair nos anos 80 e chegou ao seu pior desempenho nos anos 90, o que levou ao cancelamento do bloco em 1997. Após assistir Pollyanna (meu review) - a série de 1986 do WMT - e achá-la fraquíssima, passei a pensar que talvez esse comentário fosse real. Depois assisti uma das séries dos anos 90, Romeo's Blue Skies (meu review), e também não gostei, embora essa seja uma das mais populares na internet por ter um foco maior em ação, o que não combina nada com o WMT.

Porém, antes de Romeo, teve outra série que assisti que me fez perceber como esse comentário sobre a qualidade decadente estava errado - Little Women II, de 1992. Eu amei essa tanto quanto as mais aclamadas do WMT, como as que o Takahata dirigiu nos anos 70. Só não a coloquei junto delas no ranking por não ter sido tão impactante quanto, mas o envolvimento emocional que tive com essa também foi gigantesco, me apeguei a diversos dos personagens desse que é um dos maiores elencos de uma série do WMT.


Little Women II se passa em uma escola com valores diferentes das demais, uma que deixa de lado os métodos tradicionais de ensino para favorecer maior liberdade às crianças e proporcionar diversas experiências de vida fora de uma sala de aula, a fim de capacitá-las a se tornarem pessoas formidáveis. Poucos animes que assisti exploram tão bem os sonhos das crianças, aquilo que elas desejam se tornar quando crescer. Acompanhar o amadurecimento dessas crianças enquanto se divertem, se apaixonam e dão seus primeiros passos em direção aos seus sonhos foi uma jornada maravilhosa e rejuvenescedora.

Confira aqui minha análise completa de 2016.

11º LUGAR
Little Witch Academia (2017, Trigger, dir. Yoh Yoshinari)

Em 2017, eu estava afim de conhecer o trabalho de novos estúdios. Vocês já sabem que um deles foi a KyoAni, mas teve um outro que assisti alguns animes antes - o estúdio Trigger, um dos mais aclamados nos dias de hoje. Seu conteúdo pode parecer um pouco fora dos meus gostos, especialmente trabalhos como Kill la Kill, o qual assisti e não achei incrível como muitos pensam, mas gosto do estilo deles, é bem único na indústria. Inferno Cop é um dos animes mais avacalhados de todos, hilário de se assistir com amigos, e Space Patrol Luluco é uma história bonita, curta e frenética sobre o primeiro amor da adolescência, a qual já assisti três vezes.

E aqui temos a Luluco conversando com o Inferno Cop. O crossover mais ambicioso da história.

Mas não há nenhuma sombra de dúvidas de que meu trabalho favorito do estúdio é Little Witch Academia, particularmente a série de TV de 2017. Antes disso foram lançados dois curtas, dos quais o primeiro não me agrada tanto pelo seu ritmo acelerado e ausência de caracterização às personagens, enquanto o segundo é amável e fez com que eu me apaixonasse pelo universo e por suas personagens. A história desses curtas é interessantíssima, pois começaram com campanhas do Kickstarter e foram produzidos por animadores novatos. Vale a pena dar uma lida.


Já a série expande consideravelmente a amabilidade do segundo curta e oferece uma história divertida e envolvente de uma garota que deseja realizar seu sonho de se tornar uma bruxa mesmo sem as habilidades necessárias, unida de um visual vibrante e cheio de vida com um character design repleto de variedade. A Akko é uma das minhas personagens favoritas de qualquer anime, com quem senti uma conexão enorme, pois sua mentalidade é legitimamente inspiradora - apesar das pessoas tirarem sarro da sua inspiração, a Akko não tem medo de mostrar ao mundo o quanto a ama e nunca deixa de acreditar nela.


Todos sabemos do estigma que existe com animes, então diversas pessoas escondem o fato que gostam dessas animações, quem dirá exaltá-las como fontes de inspiração. Já eu procuro mostrar para todos o quão importante diversos animes são para a minha vida, assim como a Akko faz com a Shiny Chariot. O seu amor por ela é a força que a compele a ir adiante e não há pressão social que faça com que esconda sua admiração. A believing heart is your magic.

Confira aqui minha análise completa de 2017.

10º LUGAR
The Disappearance of Haruhi Suzumiya (2010, Kyoto Animation, dir. Yasuhiro Takemoto)


Esse é um dos trabalhos mais distintos nesse ranking no sentido de que não foi um anime que me inspirou ou que retrata situações reais, mas pode ter certeza que foi um que me marcou E MUITO. A série de Haruhi Suzumiya (meu review) foi a primeira que não gostei da KyoAni, inclusive quase odiei, então não estava nem um pouco ansioso para o filme, ainda mais pelo fato de ter quase 3 horas de duração.

O resultado? Foram algumas das 3 horas mais bem aproveitadas da minha vida. Obra-prima é uma palavra que se tornou um pouco banal hoje em dia pela frequência com que é usada, mas não existe palavra melhor para descrever a experiência que é assistir The Disappearance of Haruhi Suzumiya, um filme que pega o enredo de uma série medíocre e o vira de ponta-cabeça para transformá-lo em uma história tão hipnotizante que você fica sem piscar durante todo o seu decorrer.


O longa dá outro sentido à série. Eventos que não dei a mínima se tornam dignos de calafrios e criei vínculos com personagens aos quais eu não me importava. Enquanto a série é boba e alegre, o filme é introspectivo, solitário e transmite a desolação do protagonista indefectivelmente através de seu ritmo lento, trilha sonora minimalista e direção de arte evocativa, que nos colocam na pele de um rapaz perdido em um mundo familiar, ainda que totalmente desconhecido. Disappearance proporciona uma das experiências mais fascinantes que já tive com qualquer anime, tanto que o reassisti assim que acordei no dia seguinte após tê-lo assistido a primeira vez.

Confira aqui minha análise completa de 2018.

9º LUGAR
Sakura Card Captors (1998, Madhouse, dir. Morio Asaka)


Assim como foi com Yama no Susume nas menções honrosas, eu comecei a assistir Sakura Card Captors após decidir ver o primeiro episódio no YouTube por pura curiosidade. Eu sabia da fama do anime aqui no Brasil, mas lembro de não me interessar quando passava na TV. Mal sabia eu o que estava perdendo, pois após alguns episódios, me apaixonei tanto quanto a Sakura pelo "ai ai ai Yukito".

Talvez tenha sido uma boa decisão não ter assistido quando criança. Claro, eu provavelmente ficaria encantado com o lindo mundo colorido da obra e com as sequências criativas de capturas de cartas, mas o aspecto mais encantador são os sentimentos, abordados com muita delicadeza e cheios de nuances que uma criança dificilmente enxergaria. A representação do amor em Sakura, tema central da obra, é uma das melhores que já vi em uma animação - pura e desprovida de qualquer discriminação.


O tanto que me apaixonei por esse anime talvez se compare com o meu amor pelo Studio Ghibli, porque foi algo deveras intenso. Eu não parava de falar a respeito, comprei diversos produtos (mangá, Cartas Clows, calendário, luminária etc), chorava ao ouvir determinadas músicas da trilha sonora pelo tanto de sentimentos que carregam, fazia postagens no Facebook toda segunda com uma imagem da Sakura para iniciar bem a semana e até imprimi uma imagem dela e colei na porta da minha sala na produtora onde eu trabalhava. Nessa folha eu escrevi "Zettai daijoubu", a frase icônica da personagem que a ajudava em tempos de dificuldade, cuja tradução é "Vai dar tudo certo". Sua felicidade era contagiante e nada me deixava mais alegre do que ela.

Essa paixão durou por quase um ano e talvez tenha chegado ao fim por conta da minha decepção com a sequência Clear Card Arc de 2018, à qual eu não conseguia conter a minha ansiedade antes de lançar e no fim acabou sendo apenas um cashgrab em cima de nostalgia. Mas isso não anula a magia encantadora da série original que ainda é um dos animes mais marcantes que já assisti.

Confira aqui minha análise completa de 2017.

8º LUGAR
Chuunibyou demo Koi ga Shitai! (2012, Kyoto Animation, dir. Tatsuya Ishihara)


Outro anime que comecei por curiosidade, sem saber nada a seu respeito ou sobre o seu estúdio. O assisti no celular em um site podre com qualidade horrível, porque jamais imaginei que seria bom, tinha cara de ser só mais um anime moderno genérico. Como eu estava errado. Se me recordo bem, assisti as duas temporadas inteiras e todos os especiais em uns quatro ou cinco dias. Nos dias a seguir, fiquei confuso. Cada dia que passava, eu percebia como havia gostado mais do que imaginava desse anime. Reassistia algumas cenas no YouTube com frequência. "O que torna essa série tão especial?", me perguntava frequentemente. Logo obtive a minha resposta.

O que torna Chuunibyou tão especial é o estúdio que o produziu: a Kyoto Animation, conhecida como KyoAni. Esse foi o meu primeiro contato com o trabalho do estúdio e fiquei impressionado. Mesmo assistindo em uma qualidade lixo, eu notei como o anime era lindo visualmente. Além disso, fui pego desprevenido ao me apegar demais aos personagens. Fiquei curioso pelo estúdio, para ver se essas características estavam presentes em seus outros trabalhos. E ao obter uma resposta positiva disso, a KyoAni se tornou um estúdio tão importante quanto o Studio Ghibli pra mim.


Hoje, mesmo dois anos depois, eu amo Chuunibyou como se tivesse assistido pela primeira vez. Até escrevi um texto recente sobre isso, porque um amor por uma série durar tanto tempo assim mostra como ela é legitimamente especial. É uma das animações mais divertidas que já assisti, graças à química incrível de seu elenco carismático, e não existe casal que aqueça meu coração tanto quanto a Rikka e o Yuuta. O relacionamento deles é o mais único do mundo dos animes e é lindo ver como superam obstáculos pessoais e sociais. Chuunibyou está longe de ser um anime profundo, mas a forma genuína como lida com questões de identidade faz com que seja inspirador para aqueles que se sentem diferentes em meio ao mundo.

Confira aqui minha análise completa de 2017, ou o texto que linkei no parágrafo acima (que é uma análise ainda melhor que a original).

7º LUGAR
The iDOLM@STER (2011, A-1 Pictures, dir. Atsushi Nishigori)


Olhe para a imagem acima. Ao vê-la, o que você imagina desse anime? Talvez que seja divertido, que essas garotas cantem músicas cativantes, que a união e evolução delas como artistas seja algo bonito de se ver… Tudo isso é correto. Mas você consegue imaginar que o anime dessa imagem tenha um dos momentos mais carregados de emoção de qualquer anime, que te dará calafrios toda vez que pensar a seu respeito? Que tenha uma das melhores representações de solidão que já vi em uma animação? Que seus eventos proporcionem gratificação e satisfação a níveis que poucos animes conseguem?

Acredite se quiser, mas isso é The iDOLM@STER. Certamente você já ouviu falar e duvido que tenha imaginado que uma série dessas pudesse ter um conteúdo desses, porque eu mesmo jamais imaginei. Mas quando assisti ao episódio piloto, um dos primeiros episódios mais únicos que já assisti por conta de sua abordagem documental (fiz um breve post a seu respeito no Twitter), percebi que esse anime me surpreenderia ao longo de todo o seu decorrer - e não foi diferente.


Esse é o trabalho mais recente a aparecer nesse ranking em relação a quando o assisti, pois é literalmente o último anime que completei antes de escrever esse texto, em dezembro de 2019. Inclusive tô escrevendo enquanto escuto músicas da série (é tudo o que tenho escutado desde dezembro). A força com que me apeguei foi tremenda. Acho que desde Sora Yori mo Tooi Basho e Hibike! Euphonium no início de 2017 que o conteúdo de um anime não me motivava tanto como iDOLM@STER está fazendo agora.

Apesar de seu conteúdo inteiro ter seu impacto, a principal peça do meu vínculo é a protagonista Haruka Amami. Acho que não é um exagero dizer que nunca senti uma conexão tão forte com uma personagem desde a Shizuku de Sussurros do Coração, a protagonista do filme que literalmente mudou a minha vida (spoilers do final do ranking…). O tanto que eu me identifico com os sentimentos e a mentalidade da Haruka faz com que seja uma verdadeira role model para mim, uma pessoa que me inspira a ser como ela.


Tenho certeza que as memórias de quando assisti iDOLM@STER se tornarão ótimas lembranças, porque além de ser um anime fantástico, eu o acompanhei junto de alguns amigos de um server do Discord. Foi algo espontâneo, porque inicialmente só eu comecei a assistir, mas eu e outros dois amigos - que já haviam assistido - falávamos com tanto entusiasmo que outras pessoas do server se interessaram até que eventualmente passamos a assistir um episódio por dia e comentar sobre a maioria deles. Foi uma experiência divertida que fez com que criasse um laço com essa galera. Já temos planos para assistir a série derivada The iDOLM@STER: Cinderella Girls em fevereiro. Veremos se será tão incrível quanto a original.

Análise completa em breve.

6º LUGAR
Sora Yori mo Tooi Basho (2018, Madhouse, dir. Atsuko Ishizuka)


Conforme falei previamente, esse foi o primeiro anime de temporada que decidi acompanhar. E que escolha, hein. Assim como é o caso do anime supracitado, o episódio piloto de Sora Yori mo Tooi Basho é um de meus favoritos. Ele não é único em sua execução como o de iDOLM@STER, mas a forma como apresenta a premissa da série e as aspirações de suas personagens fez com que eu me apegasse a elas antes mesmo do segundo episódio, algo inédito pra mim. Lá pelo quarto episódio eu já estava completamente imerso em sua narrativa, tanto que escrevi uma breve análise dos temas da obra antes mesmo de terminá-la, novamente algo inédito.

A jornada retratada em Sora Yori é uma das mais gratificantes, envolventes e inspiradoras que já tive o prazer de acompanhar. Acho impossível alguém assistir esse anime e não se identificar com pelo menos uma das quatro protagonistas, pois seus anseios combinados englobam tudo o que nós desejamos para nos sentirmos realizados com nossas vidas, e assistir a trajetória delas para alcançar tais anseios é algo que proporciona uma motivação desmedida, que te compele para fora da zona de conforto em direção a novas experiências.


Claro que nem todo mundo será afetado dessa forma, mas o impacto positivo que esse anime causou em inúmeras pessoas é evidente. Eu mesmo compilei uma playlist com depoimentos em vídeo de pessoas que se sentiram inspiradas pelo conteúdo de Sora Yori e até hoje encontro comentários de pessoas dizendo como este se tornou o anime mais importante da vida delas.

Confira aqui minha análise completa de 2018, de longe a maior que já escrevi até então.

5º LUGAR
O Serviço de Entregas da Kiki (1989, Studio Ghibli, dir. Hayao Miyazaki)


Se você é fã do trabalho do Miyazaki, provavelmente notou que não mencionei dois de seus filmes durante minha menção honrosa a Totoro, porque guardei um deles para o ranking principal. Foi mal Ponyo, mas o filme em questão é o da bruxinha mais adorável dos animes, Kiki! Curiosidade: esse filme saiu apenas um ano depois de Totoro e ambos são os meus favoritos do diretor. Acho isso interessante, sei lá porque…

Esse é um dos filmes mais pé-no-chão do fantasioso Miyazaki, o que chega a ser irônico já que estamos falando da história de uma bruxa que passa grande parte do tempo voando, mas esse é basicamente o único elemento fantástico do longa, que sequer é tratado como algo extraordinário - a habilidade da protagonista de voar é simplesmente como um de seus talentos. Enquanto o talento de algumas pessoas é jogar basquete, o da Kiki é voar.

Com seu retrato de uma garota fazendo uso de seu maior talento para começar uma vida independente em uma nova cidade, cheia de percalços realistas e momentos de insegurança, esse é um dos melhores filmes coming of age que já assisti. A história de adaptação e amadurecimento da Kiki é uma fonte de inspiração enorme pra mim e foi um dos principais filmes que fez com que eu me apaixonasse pelo trabalho do Studio Ghibli.

4º LUGAR
K-ON! (2009, Kyoto Animation, dir. Naoko Yamada)


Eu comecei a assistir K-ON! no final de 2017 e de início não estava gostando tanto, mas aos poucos a atmosfera agradável do Clube de Música Leve passou a conquistar meu coração. Durante a 2ª temporada, estava completamente apegado às personagens. Um trabalho crucial em tornar isso possível foi a direção da Naoko Yamada com suas nuances e sensibilidade, um olhar humano que me encantou e tornou a experiência ainda mais pessoal. Isso não é tão presente na 1ª temporada, consideravelmente mais fraca, mas a 2ª e o filme são repletos da "mão da Yamada".

O conteúdo do anime é de tamanha leveza que você precisa ser uma pessoa sem coração para odiar. Ao longo de seus quase 40 episódios, acompanhamos um grupo de amigas que compartilham as mais deliciosas experiências - sejam elas impactantes ou triviais -, fortalecem seus laços e desenvolvem seus talentos, tudo isso retratado de forma com que essas personagens pareçam pessoas reais, algo que poucos animes conseguem fazer, mas uma habilidade em que a KyoAni é proficiente.


Em seu âmago, K-ON! é uma obra que te faz dar mais valor às amizades e a cada momento da sua vida, por menor que sejam. É capaz de despertar novos interesses àqueles que criam um vínculo emocional com o anime, assim como mostram os casos de pessoas que começaram a tocar um instrumento por sua causa. A filosofia que sigo de aproveitar o presente ao máximo ao invés de pensar sempre no futuro é algo que aprendi com K-ON! e isso apenas me trouxe os melhores frutos, porque suas ações no presente determinam o futuro naturalmente.

Quando se cria uma conexão sentimental forte dessas, qualquer conteúdo que se vê da obra no dia-a-dia é capaz de melhorá-lo significativamente. Ver uma imagem de K-ON! sempre me abre um sorriso no rosto e alegra o meu dia. É uma das sensações mais prazerosas que existe.

Confira aqui minha análise completa de 2017.

3º LUGAR
Hibike! Euphonium (2015, Kyoto Animation, dir. Tatsuya Ishihara) / Liz and the Blue Bird (2018, Kyoto Animation, dir. Naoko Yamada)


Quando comecei a pesquisar sobre os trabalhos da KyoAni, esse foi o que mais me chamou a atenção. Fiquei encantado com a beleza de seu visual, mais do que com qualquer outro anime do estúdio. No momento em que assisti uma cena de interação entre duas personagens com um trabalho de direção e animação meticuloso que permitiu que eu entendesse suas emoções por meio da linguagem corporal sem nem saber o contexto da cena, foi quando percebi que Hibike! Euphonium seria uma experiência sem igual. 

Minhas expectativas foram atendidas e o anime se tornou não só um dos meus favoritos como uma das minhas maiores inspirações. Ele foi o gatilho para eu finalmente comprar meu primeiro instrumento - um teclado, ou melhor, piano digital - e começar a estudar música, algo que sempre tive vontade de fazer, mas faltava motivação. Isso se deve à forma belíssima como a série retrata o relacionamento das pessoas com a música, como é uma parte intrínseca de suas vidas. Os laços que formam com outras pessoas por meio dela, o seu poder de curar feridas e o anseio de conseguir se expressar cada vez mais através da música.


Eu nunca havia tido qualquer experiência com música antes de assistir Hibike, mas ainda assim senti uma conexão enorme com seu conteúdo, graças aos seus personagens incrivelmente desenvolvidos. Sério, até hoje eu não assisti nenhum outro anime com um elenco tão grande como esse que explore seus personagens de forma com que quase todos se tornem memoráveis e tenham seus momentos de destaque. É um anime com personagens secundários tão bons que alguns deles são mais populares do que alguns considerados principais. Afinal, não é a toa que recebemos um filme spin-off centrado em duas dessas personagens.


Me refiro a Liz and the Blue Bird, filme lançado em 2018, dirigido pela Naoko Yamada. A série já oferece um olhar sensível aos relacionamentos dos personagens, mas se comparada com esse filme, Hibike se torna um épico de guerra, porque Liz é uma das animações mais intimistas já criadas, em que cada enquadramento, cada movimento minucioso de suas personagens carrega consigo um sentimento, uma emoção, uma mensagem. É uma experiência idiossincrática reforçada por sua paleta de cores leves que transbordam delicadeza, um character design revisado que também é repleto de leveza e uma trilha sonora minimalista e diegética que cria uma atmosfera imersiva. 

Há quem diga que nada acontece em Liz, mas para as duas protagonistas, tudo acontece. É retratado um amor em sua mais pura forma, duas pessoas que precisam uma da outra para viver, conectadas por um laço que se mostra um tanto emaranhado devido aos sentimentos complexos que causam essa dependência mútua. É um filme leve com uma história simples em sua superfície, mas com substância suficiente para se dissecar e encontrar diversas camadas de profundidade em suas personagens e enredo, assim como em sua parte técnica maravilhosa.


Duas das minhas cenas favoritas da história dos animes vêm de Hibike e Liz e ambas são de performances musicais. A da série me pegou de surpresa ao dedicar um terço de um episódio a uma apresentação da banda durante uma competição, sem quaisquer diálogos - apenas música e um trabalho de animação deslumbrante. Já a do filme é uma cena intensa e poderosa, porém delicada e íntima. Um duelo arrepiante de oboé e flauta que mostra o poder da música de dialogar, de transmitir sentimentos e emoções. Tudo isso regido com tamanha sutileza pela Naoko Yamada que, com a ajuda dos talentosos animadores da KyoAni, transmite direto à nossa alma o que as personagens sentem enquanto tocam seus instrumentos.


Hibike! Euphonium começou uma nova fase na minha vida, não só por ter despertado o meu novo hobby de música, mas também por ter me introduzido a novas amizades. Eu passei a frequentar um server do Discord sobre o anime e, posteriormente, um dedicado à KyoAni, nos quais conheci pessoas que hoje são importantíssimas pra mim. Não consigo mais imaginar minha vida sem conversar e realizar atividades com esse pessoal. É algo que me proporciona uma felicidade enorme.

Análises completas de ambos os trabalhos em breve.

2º LUGAR
A trilogia WMT de Isao Takahata (anos 70, Nippon Animation)

Assim que terminei de assistir os trabalhos do Studio Ghibli, decidi ler a fundo sobre a carreira do Miyazaki e do Takahata. Eu queria mais. Descobri que os dois haviam trabalhado em algumas séries de TV antes de fundarem o estúdio, das quais algumas eram consideradas as verdadeiras obras-primas da carreira do Takahata. Difícil não ficar curioso com uma descrição dessas. É assim que o Daniel Thomas do Ghibli Blog descreve as séries do World Masterpiece Theater do diretor - Heidi, de 1974, Marco, de 1976, e Anne of Green Gables, de 1979.

Comecei pela primeira delas, Heidi. Ao longo desse texto eu falei muito sobre conexão com personagens, vínculo emocional e tals, mas Heidi foi a primeira obra que me fez sentir tudo isso. O tanto que me apeguei aos personagens e seus sentimentos foi inédito pra mim, me envolvi de tal forma que os eventos da história me afetavam como se fossem algo que estava mudando a minha vida. Qualquer cena bonita me fazia chorar e os momentos tristes me desabavam por completo.


O mesmo aconteceu com as séries seguintes que dirigiu para o WMT, motivo este pelo qual agrupei as três em uma única posição nesse ranking. Meu envolvimento com Marco talvez tenha sido ainda maior que o de Heidi, pois retrata uma jornada nada menos do que épica de um garoto que vai da Itália até a Argentina nos anos 1880 em busca de sua mãe, repleta de adversidades e momentos de destruir o coração, mas um verdadeiro conto de resiliência e superação.

Esse aqui é sofrência pura...

Mas apesar de todas terem me impactado como nada antes, creio que a melhor delas seja Anne of Green Gables. Não sei dizer se qualquer dos animes listados nesse texto inteiro consegue proporcionar uma experiência tão envolvente como a de acompanhar o crescimento da Anne de uma garotinha faladeira romântica para uma mulher adulta e diligente ao longo de seus 50 episódios. A sensação que tive é de que a acompanhei durante anos. O vínculo que criei com ela e sua família adotiva é indescritível, algo que apenas pode ser sentido.


O cara do Ghibli Blog estava certo - essas são as verdadeiras obras-primas da carreira de Isao Takahata. Não só disso, mas obras-primas da animação no geral. Muitos pensam que animações precisam de fantasia e ação para funcionar, mas essas três séries mostram como a mídia é capaz de criar histórias movidas apenas pelos sentimentos de seus personagens, firmadas em situações realistas, que fazem de seu conteúdo verdadeiras experiências transformadoras de caráter.

Confira minhas análises completas sobre cada um desses trabalhos, aqui a de Heidi, aqui a de Marco e aqui a de Anne.

1º LUGAR
Sussurros do Coração (1995, Studio Ghibli, dir. Yoshifumi Kondo)


E chegamos ao primeiríssimo lugar. Se isso aqui fosse um ranking dos meus filmes preferidos, sejam eles animações ou live-action, esse ainda estaria em primeiro. Se fosse um ranking dos meus trabalhos favoritos de qualquer tipo de mídia, seja música, livro ou televisão, também estaria em primeiro. Nenhuma outra obra neste mundo me impactou tanto quanto Sussurros do Coração. O tanto que me identifiquei com esse filme não se compara com nenhum outro trabalho listado aqui.

Eu me enxerguei de corpo e alma em sua protagonista, Shizuku Tsukishima. Seus sentimentos diante de si própria eram os mesmos que os meus. Alguém que apenas vivia a sua vida sem pensar no dia de amanhã, até que conhece um talentoso rapaz cheio de aspirações que a faz se questionar sobre o seu futuro, sobre os seus talentos. Ela quer se expressar através da sua arte, mas é insegura de suas habilidades. Assim como a Shizuku, eu sempre fui uma pessoa autodepreciativa, mas ver a sua jornada para superar essa insegurança e se dedicar à realização de seu anseio foi algo que abriu meus olhos e me encheu de determinação, expurgou esse meu lado negativo por completo.


Às vezes ainda bate um medinho diante de alguns desafios que surgem no trabalho ou em meus hobbies, mas a autoconfiança que esse filme me proporcionou está sempre comigo. É a maior fonte de inspiração da minha vida. E unida de todas as outras fontes listadas nesse texto, eu me sinto uma pessoa completa, feliz, cheia de aspirações em direção às quais continuo trilhando meu caminho, determinado a torná-las uma realidade. Me pergunto qual seria a minha realidade agora se eu nunca tivesse deixado de lado meu preconceito por animes… Duvido que eu teria forças para realizar todas as conquistas que tive desde 2014…

Confira aqui minha análise completa a respeito da minha obra audiovisual favorita, escrita em 2015.


E essa foi a minha década com os animes. Jamais imaginei que algo que eu odiava um dia se tornaria a coisa mais importante da minha vida. Espero encontrar ainda mais fontes de inspiração durante essa nova década. Quem sabe um dia apareça uma obra capaz de destronar Sussurros do Coração? Não custa sonhar né, afinal foi isso que aprendi com grande parte dos animes que listei aqui - sonhos são feitos para serem realizados.


-por Vinicius "vini64" Pires


Comentários
3 Comentários

3 comentários:

Isabel disse...

Ótima retrospectiva, Vini! O meu primeiro contato com animes fora da TV foi parecido com o seu, mas em ordem diferente: primeiro, assisti alguns animes slice-of-life que eram populares no início da década, como Fruits Basket, K-On e A-Channel, por recomendação de alguns amigos. Depois disso, uma colega de sala me apresentou A Viagem de Chihiro e outros filmes do Studio Ghibli, que consolidaram a minha paixão por animes e animação num geral. Assim como você, os animes que eu assisti influenciaram bastante a minha personalidade e os meus gostos. A influência mais significativa, principalmente por causa dessas histórias sobre situações do dia-a-dia, foi aprender a valorizar as pequenas coisas. Pelo contato com a cultura japonesa, que eu admiro muito, e com essas histórias, eu passei a apreciar mais a minha própria cultura e o meu entorno. Esses animes também me incentivaram a desenhar mais e a estudar japonês, que, apesar de estar aprendendo num ritmo muito lento, eu acho muito gratificante.

Eu também fiz algumas amizades com esse gosto em comum, algumas que mantenho com muito carinho até hoje, como a sua! Eu demorei anos pra procurar as obras pré-Ghibli depois de assistir todos os filmes do estúdio, mas uma consequência disso foi te conhecer no clube do World Masterpiece Theater no MyAnimeList na mesma época em que você estava interessado nesses animes. Sou grata por isso, porque além de termos outros gostos em comum, como jogos da Nintendo, você me apresentou muitas coisas boas, principalmente Bowie e animes da KyoAni (que eu já conhecia, mas provavelmente não teria revisitado tão cedo se não fosse pela sua influência). Desde 2017, eu notei uma grande melhora nas suas análises, a sua escrita está cada dia melhor, sempre mantendo as qualidades que são especiais nos seus textos: paixão e sinceridade. Isso dá uma pessoalidade bem marcante às suas análises. Estou ansiosa para acompanhar a sua produção na próxima década!

Marcos disse...

Eu não teria nem como fazer um post nesse sentido, pois são mais de 3 décadas décadas de animes. Minhas memórias mais distantes são de Marco e Heide no SBT, Pinóquio não consigo recordar, talvez, na TV Cultura, mas provavelmente não. No entanto, nao consigo dissociar minha vida dessa maravilhosa arte japonesa. Programas como o da Xuxa (na TV Manchete) onde foram exibidos alguns que me marcaram como Pirata do Espaço, Don Drácula, Dartagnan e os Três Mosqueteiros, Pirata do Espaço.

Mas a demanda por animes não era tão grande como hoje e durante muito tempo, até mesmo por não haver algo chamado internet, era impossível ter acesso a uma maior diversidade de desenhos como é hoje. Tive que assistir Cavaleiros dos Zodíacos e graças a esse YuYu Hakusho.

Mas, como a tal da internet apareceu tivemos a oportunidade de fazer que essa nossa paixão pudesse atingir novos patamares. No final dos anos 90 tivemos o boom de fansubbers (que "vendiam" fitas VHS legendadas em português). Isso foi o paraíso. Por meio do BAC (Brasil Anime Clube aqui de Brasília) tive acesso a animações como Evangelion e Escaflowne (essa, quando assisti era meio que um fla flu com Evangelion, rs) e muito mais outras obras.

Recordo-me de patrocinar a aquisição dos LD's com uma das mais memoráveis obras de vida cotidiana que tive o prazer de assitir - Maison Ikkoku (tenho que buscar uma fonte com maior qualidade para assistir pela terceira vez). Lembro que o Diogo (acho que era esse o nome dele - que aparecia no Phantasy Star Online do Dreamcast) do Shin Seiki Anime fez ousada proposta de comprar no Japão uma caixa com uns 28 LDs com Maison Ikkoku. Quase morri e, sem pensar, entrei como patrocinador para adquirir as fitas VHS com a melhor qualidade possível e ter meu nome na lista daqueles que acreditaram no projeto.

Com o surgimento dos fansubbers e eventos onde os animes eram exibidos "como em um cinema", algumas editoras (como a JBC) decidiram apostar no mercado de mangás. Meu Deus, como era difícil adquirir os mangás publicados, pois em sua maioria não eram distribuídos às bancas de jornal, apenas às comic shops. Mas, ainda, assim, fazíamos nos esforços para ficar em listas de espera para comprar nossos animes.

A partir daí, o que era um mercado de nicho, tornou-se o que temos hoje um grande sucesso comercial, até mesmo chegando a saturação da quantidade de oferta e facilidades de consumo. Seja por distribuídos oficiais como Crunchroll, Netflix e Amazon, ou formas menos "ortodoxas" como torrents e alguns aplicativos que disponibilizam "gratuitamente" milhares de animações prontas a serem baixadas com um toque do seu dedo.

Tudo que posso dizer que foi e é uma maravilhosa jornada que já me fez sorrir muito e arrancou muitas lágrimas. Mas, sem dúvida, valeu e ainda vale à pena.

Marcos disse...

Ah, depois que terminei de comentar que lembrei, Mother é ótimo.