Bem-vindos à terceira edição da minha premiação aos animes que assisti em determinado ano! Dessa vez não há muito o que celebrar, porque assisti pouquíssima coisa em 2019 em relação aos anos anteriores, especialmente no que se diz respeito a trabalhos lançados no ano em questão, pois assisti apenas três animes de 2019. Não gosto de admitir, mas esse foi um ano marcado por muita preguiça, em todos os sentidos. Assisti poucos animes, não pratiquei música o tanto quanto deveria e escrevi pouco para o blog, apesar de ter começado o ano a um ritmo incrível, postando textos toda semana durante sete semanas.
Além disso, esse foi o ano em que aconteceu o terrível incidente no estúdio principal da Kyoto Animation, um incêndio criminoso que consumiu o prédio inteiro, tirou a vida de 36 animadores e feriu outros 40. Isso me abalou profundamente e até hoje tenho dificuldade em acreditar que algo inimaginável assim realmente aconteceu com o estúdio que produziu alguns dos trabalhos mais importantes da minha vida e que se tornou a minha maior fonte de felicidade.
Foi possivelmente o evento que mais me afetou desde a morte do meu pai. Contudo, mesmo diante de tamanha adversidade, a KyoAni está se recuperando a um ritmo incrível, um lampejo de esperança que aos poucos se transforma em uma luz radiante. Já voltaram a produzir o filme de Violet Evergarden e retomaram as atividades de sua escola que capacita animadores novatos. A ferida causada pelas mortes jamais será curada por completo, mas seus legados estão eternizados em obras que tocaram o coração de milhares de pessoas.
Vamos então à premiação. Eis aqui a pequena lista de tudo que assisti em 2019, em ordem de lançamento, com filmes destacados em itálico:
[2003] Munto
[2005] Full Metal Panic! The Second Raid
[2007] Clannad
[2008] Clannad After Story
[2010] Sora no Woto (review)
[2011] The iDOLM@STER
[2012] Hyouka (só a primeira metade)
[2012] The iDOLM@STER Shiny Festa
[2013] Non Non Biyori
[2014] The iDOLM@STER Movie: Beyond the Brilliant Future!
[2017] Tsurezure Children
[2017] Baja no Studio
[2018] Zombieland Saga (review)
[2018] Free! Dive to the Future (review)
[2018] Mirai no Mirai (review)
[2018] Tsurune (review)
[2018] JoJo's Bizarre Adventure: Vento Aureo
[2019] Mob Psycho 100 II
[2019] One Punch Man 2 (dropei)
[2019] Hoshiai no Sora
E agora aos meus cinco favoritos dentre os listados acima:
5º LUGAR
Mob Psycho 100 II (2019, Bones)
Mob Psycho é um anime de ação que acho até injusto classificá-lo como tal, porque é muito mais do que isso. A 2ª temporada continua a expandir o núcleo humano, social e pessoal que faz a obra se destacar entre o mar de animes de luta por priorizar a exploração destes temas acima de lutas, apesar dessas fazerem com que você transborde de euforia. É dado um foco ainda maior ao desenvolvimento das relações entre os personagens, algo que traz até algumas lágrimas aos olhos. Reigen e Mob, melhor dupla.
Leia aqui meu review da 1ª temporada.
4º LUGAR
Tsurune (2018, Kyoto Animation)
A série mais recente lançada pela KyoAni foi ignorada por grande parte da internet por conta de seu tema exótico: arquearia (e também por ser protagonizada por rapazes), mas é mais uma excelente adição ao catálogo de obras humanas do estúdio, uma que explora o fortalecimento de laços entre um grupo de garotos por meio de adversidades – mas sem exagerar no drama – e traz uma bela história de crescimento pessoal e superação. E vale notar que o episódio final é um dos melhores de qualquer animação que já assisti. Um verdadeiro espetáculo sensorial.
3º LUGAR
Clannad / Clannad After Story (2007 e 2008, Kyoto Animation)
Minha relação com Clannad é um tanto curiosa. Todo mundo diz que é um dos animes mais emocionantes e tristes da história, mas eu não me apeguei emocionalmente à obra e nem mesmo chorei em nenhum momento. Terminei a série desapontado por conta do melodrama exacerbado e do final ridículo. Porém, à medida que os meses se passaram, passei a enxergá-la com olhos melhores e hoje vejo que as qualidades pesam mais do que os defeitos.
Clannad é o primeiro trabalho "antigo" da KyoAni em que senti as qualidades visuais pelas quais o estúdio se tornaria conhecido posteriormente. É um anime agradável aos olhos, especialmente no que se diz respeito à direção e à distribuição de cores. A 1ª temporada tem seus momentos, mas é After Story, a 2ª temporada, que faz com que a obra seja consagrada como um dos melhores animes de todos os tempos.
Quase todos animes de romance terminam assim que rola uma confissão, com poucas exceções que mostram um pouco da relação, mas After Story extrapola todos os limites e mostra até mesmo a criação de um filho. É raro um anime escolar que não pare no 3º ano do colegial, mas a obra aborda as dificuldades da vida adulta após a escola, uma representação real e dura da vida de alguém sem boas condições financeiras que precisa trabalhar para se manter. É uma animação singular na indústria.
Análise completa em breve.
2º LUGAR
Hyouka (2012, Kyoto Animation)
Ok, esse aqui é um que exige explicações. Não pela qualidade do anime em si, mas pelo fato de que está em 2º lugar sendo que apenas assisti metade dele. Surgiram alguns imprevistos que fizeram com que eu deixasse ele de lado por um tempo e ainda não consegui voltar a vê-lo, mas a julgar pela primeira metade, não há dúvidas de que se tornará um dos meus favoritos quando terminar.
Hyouka é um dos animes visualmente mais lindos já feitos. Sua proeza técnica é incomparável até mesmo dentro do catálogo da KyoAni, o que é dizer MUITO. É impossível não ficar fascinado com a beleza de seus enquadramentos, com a quantidade insana de detalhes em cada plano e no movimento dos personagens e com a criatividade dos elaborados segmentos de mistério. Cara, tem um episódio com um plano sequência de um minuto! Um plano sequência em uma animação! Isso é insano!
A primeira metade já é cheia de momentos memoráveis, dos quais alguns me arrepiam só de lembrar. O roteiro imersivo transforma mistérios triviais em eventos de tamanha magnitude que transformam a vida dos personagens, nos quais as resoluções são de uma satisfação indescritível. Então meus parabéns a Hyouka por conseguir medalha de prata nessa premiação com apenas metade de seus episódios. Tal façanha não é pra qualquer um.
Análise completa em breve.
1º LUGAR
The iDOLM@STER (2011, A-1 Pictures)
O único anime que assisti em 2019 que me marcou pra valer – e no finalzinho do ano, em dezembro. Assim como foi o caso de K-ON! (meu review), eu jamais esperava criar uma conexão tão forte com The iDOLM@STER dada a sua premissa, que superou a níveis inimagináveis todas as minhas expectativas. A forma como a obra faz você se apegar a cada uma das diversas personagens é fenomenal e transforma qualquer evento em um amontoado de emoções. É uma animação que consegue ser uma das mais divertidas que já assisti e, ao mesmo tempo, com alguns dos momentos mais poderosos e carregados de sentimentos de qualquer anime, que me proporcionaram reações emotivas inéditas.
Poucos trabalhos audiovisuais que assisti oferecem uma sensação de gratificação tão enorme como o que senti ao ver a evolução das garotas e de toda a equipe da 765PRO ao longo da obra, o triunfo delas em meio ao mar de adversidades que ser uma idol traz, porque essa não é uma série leviana que trata idols como a profissão ideal dos sonhos – a abordagem mostra todas as implicações positivas e negativas da profissão de forma tocante e até inspiradora.
Isso sem contar a trilha sonora cativante e com uma variedade surpreendente de gêneros que vai do seu j-pop tradicional de idols até trance, ska punk, new wave, doo-wop, jazz fusion, entre muitos outros. Ao terminar iDOLM@STER, fiquei triste pelo pessoal que tem preconceito contra animes de idols, pois jamais terão a experiência de assistir uma das animações mais envolventes que já vi.
Análise completa em breve.
MENÇÕES HONROSAS
Tsurezure Children (2017, Studio Gokumi)
Uma palavra muito usada na internet para descrever algo que te faz sorrir e que dá aquela esquentadinha no coração é wholesome e não há palavra que descreva melhor Tsurezure Children do que essa. Esse curto anime com episódios de apenas 12 minutos é como o "Nichijou do amor", uma série de esquetes cômicas e fofíssimas que mostram adolescentes em suas desaventuras amorosas, desde aqueles que experienciam os sentimentos de se apaixonar pela primeira vez até casais que já desfrutam da vida em conjunto. É um dos animes mais good vibes que existe.
Full Metal Panic! The Second Raid (2005, Kyoto Animation)
Tá aí um que me surpreendeu pra valer. Eu nem pretendia assistir esse anime após odiar tanto a 1ª temporada quanto o spin-off Fumoffu, mas decidi fazê-lo em homenagem ao seu diretor, Yasuhiro Takemoto, que infelizmente faleceu no incêndio, e devo dizer que foi uma ótima decisão.
Além do upgrade técnico e visual que torna a experiência 100x melhor, o que mais gostei foi da ênfase no aspecto psicológico e sentimental dos personagens ao invés do aspecto mecha militar. É um anime sobre humanos e seus conflitos como pessoas e não sobre máquinas operadas por humanos lutando contra contrabandistas ou qualquer que seja a merda que eles faziam na 1ª temporada.
Baja no Studio (2017, Kyoto Animation)
Talvez você não saiba, mas a KyoAni tem um mascote oficial chamado Baja, uma espécie de ratinho fofo. Em 2017, fizeram um curta com ele que se passa dentro do próprio estúdio e mostra os animadores trabalhando em um novo projeto. É um ambiente descontraído e cheio de vida. "O lugar onde a mágica transforma sonhos em realidade". Não há forma melhor de descrever a Kyoto Animation e o trabalho de seus talentosos animadores. Chega a ser surreal a existência de um curta assim após o incêndio. Eu o assisti pela primeira vez após o incidente e foi impossível conter o choro. É como uma carta de amor ao estúdio.
MENÇÕES DESONROSAS
Hoshiai no Sora (2019, 8bit)
Esse foi um anime ao qual tinha altas expectativas após ver comentários elogiando a forma como tratava temas complexos como violência familiar e identidade de gênero. Eu não sei da onde tiraram que Hoshiai trata seus temas bem, porque tudo é insanamente superdramatizado e abordado de forma leviana. Literalmente todos os integrantes do clube de soft tennis tem um parente escroto que só serve pra depreciar seu filho. São apenas caricaturas desprovidas de qualquer profundidade. Nada nesse anime é tratado com profundidade. Os personagens são rasos e sem carisma, a animação é básica e nem mesmo as partidas de tênis proporcionam qualquer tipo de emoção.
One Punch Man 2 (2019, JC Staff)
Esse eu nem aguentei ver até o final, dropei no 8º episódio. One Punch Man foi um dos animes mais aclamados de 2015 e eu não tiro a razão, porque é de fato muito divertido e bem produzido, então todos esperavam ansiosamente pela 2ª temporada. Quando a Madhouse pulou do barco e a JC Staff assumiu a produção, era evidente que daria ruim, e não foi diferente. Em um anime cujo maior atrativo são as lutas, é um baita de um problema quando algumas delas parecem uma animação de Power Point. O estúdio falhou miseravelmente em capturar o dinamismo e a fluidez da animação da Madhouse, e a composição das lutas é genérica e desprovida de criatividade. A direção de arte também é feia pra cacete, só olhar para a atrocidade que fizeram com o Genos e o Sonic.
Mirai no Mirai (2018, Studio Chizu)
Fiquei chateado quando assisti The Boy and the Beast, filme que o diretor Mamoru Hosoda lançou após o fantástico Wolf Children, e achei fraquinho. Esperava mais dele. Mas me mantive esperançoso para seu próximo trabalho. Infelizmente, o filme que saiu depois é ainda mais desapontante. Mirai no Mirai é a história de uma criança birrenta tão irritante que seu choro transcende o tempo e espaço e faz com que viaje no tempo, tanto ao futuro quanto ao passado. Não tem como desfrutar do filme com um protagonista chato desses. O tema de família e criação de filhos não é tratado de forma ruim, mas tais temas já foram abordados em Wolf Children de forma superior. Mirai não é bonito em nenhum sentido e falha até mesmo em divertir. Hosoda nunca esteve pior.
Leia aqui minha análise completa.
Leia aqui minha análise completa.
PRÊMIOS TÉCNICOS
Como de costume para encerrar a premiação, vamos às categorias técnicas à lá Oscar. As regras são as mesmas de sempre: o mesmo anime não pode ocupar as duas colocações de uma categoria.
MELHOR TRILHA SONORA
// Vencedor: The iDOLM@STER
/ Runner-up: Tsurune
MELHOR ARTE
// Vencedor: Hyouka
/ Runner-up: Mob Psycho 100 II
MELHOR ROTEIRO
// Vencedor: The iDOLM@STER
/ Runner-up: Hyouka
MELHOR DIREÇÃO
// Vencedor: Yasuhiro Takemoto – Hyouka
/ Runner-up: Tatsuya Ishihara - Clannad / Clannad After Story
MELHOR ABERTURA
// Vencedor: CH@NGE!!!! - The iDOLM@STER
/ Runner-up: Hikari no Senritsu - Sora no Woto
MELHOR ENDING
// Vencedor: Kimi ni Matsuwaru Mystery - Hyouka (ED2)
/ Runner-up: Dango Daikazoku - Clannad
MAIOR VALOR SENTIMENTAL
// Vencedor: The iDOLM@STER
/ Runner-up: não tive um envolvimento emocional forte com nenhum outro anime em 2019
PERSONAGEM FAVORITO
// Vencedora: Haruka Amami - The iDOLM@STER
/ Runner-up: Mayaka Ibara - Hyouka
MELHOR COMÉDIA
// Vencedor: The iDOLM@STER
/ Runner-up: Zombieland Saga
MELHOR FILME
// Vencedor: The iDOLM@STER Movie: Beyond the Brilliant Future!
/ Runner-up: nenhum, porque foi o único filme que assisti fora Mirai no Mirai e me recuso a colocar esse aqui
MAIOR SURPRESA
// Vencedor: Full Metal Panic! The Second Raid
/ Runner-up: Tsurezure Children
MAIOR DECEPÇÃO
// Vencedor: Mirai no Mirai
/ Runner-up: Hoshiai no Sora
MELHOR SÉRIE LANÇADA EM 2019
// Vencedor: Mob Psycho 100 II
/ Runner-up: nenhuma, porque Mob é o único dos três animes de 2019 que assisti que merece aparecer aqui
E esse foi o modesto Vini64’s Weeb Awards de 2019. Apesar de ter sido um ano marcado por preguiça, farei o possível para remediar isso agora em 2020. Posso ter assistido poucos animes, mas The iDOLM@STER certamente é um trabalho que carregarei comigo durante esse ano para deixar essa preguiça de lado e me ajudar a realizar meus anseios, especialmente estes relacionados a música. Gostaria de finalizar com uma frase do Produtor à Haruka durante o filme Beyond the Brilliant Future: "O futuro se torna o presente, por isso precisamos fazê-lo valer a pena para que não nos arrependamos".
-por Vinicius "vini64" Pires
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