quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Amor, Chuunibyou e Cinco Motivos


Quando você consome qualquer tipo de mídia, existe algo que acontece com frequência que é se apaixonar. Por exemplo, logo após assistir uma série, você começa a falar a seu respeito sem parar. Se sente como se nunca houvesse amado algo tanto quanto estava amando aquilo naquele momento. Mas depois de algumas semanas ou meses enchendo o saco de seus amigos com postagens no Face sobre tal série, a paixão começa a desaparecer e seu interesse diminui consideravelmente.

Não dá pra negar que isso acontece com muitos de nós. Comigo mesmo isso aconteceu com trabalhos como Neon Genesis Evangelion (meu review), o único anime que reassisti logo após assistir a primeira vez de tanto que gostei, e com Sakura Card Captors, que até me dói o coração dizer, porque minha paixão de um pouco menos de um ano por essa série foi uma das mais intensas, tanto que encerro minha análise dizendo que não queria que a estrela da Sakura parasse de brilhar para mim.....algo que infelizmente aconteceu. Não é que eu tenha deixado de gostar deles, só não sou mais apaixonado.


Porém, quando se continua a apreciar uma obra depois de anos, é quando aquilo é realmente especial pra você. Esse é o caso de Chuunibyou demo Koi ga Shitai, anime da Kyoto Animation que em setembro fez 2 anos desde que assisti e meu amor por ele não diminuiu nem um pouquinho. Muito pelo contrário  só aumentou! Tanto que nesses últimos dias a minha cabeça é só Chuunibyou, não paro de pensar um segundo a seu respeito. Ouço as músicas da série em loop, comecei a reassisti-la inteira pela primeira vez, assisti ao filme Take on Me pela 6ª vez e até pedi para um enorme amigo meu programar um bot no Twitter que postasse imagens do anime 24h por dia!

Mas por que eu amo Chuunibyou tanto assim? Se você vê algumas imagens ou cenas, pensa que é só um anime moe aleatório com uma temática cringe de uma garota que age de forma embaraçosa em público  uma opinião que até algumas pessoas que assistiram a obra compartilham. Por conta disso, impulsionado pelo sentimento pulsante que domina meu coração, decidi escrever cinco motivos pelos quais essa animação é especial para mim.

PS: Vale notar que eu já escrevi um review a respeito da série em 2017. Apesar da minha opinião ter mudado um pouco desde então (melhorado, eu diria), muito do que é dito nele ainda é válido, então recomendo a leitura, até porque não reintroduzirei os personagens ou o enredo da obra. E spoilers.

DIVERSÃO

Poucas coisas na vida me divertem tanto quanto Chuunibyou. Humor é algo bastante subjetivo. Assim como o aclamado Konosuba não conseguiu me fazer rir um pingo porque achei o humor demasiadamente tosco, existem pessoas que pensam o mesmo de Chuunibyou. Mas junto de K-ON! (meu review), outro trabalho da KyoAni que amo, o anime me deixa com um sorriso no rosto durante o decorrer de todos os seus episódios, graças ao carisma imensurável de seus personagens e a dinâmica fenomenal deles, uma das melhores dos trabalhos do estúdio.

A Rikka é uma das minhas personagens favoritas de qualquer animação, ponto final. Ela aparece em tela, eu já tô sorrindo. Seja com seu semblante de seriedade enquanto fala absurdidades sem nexo, ou com a excentricidade com que anuncia os termos do seu mundo fantasioso, ou com a forma como se envergonha facilmente ao ser confrontada com o assunto amor, ou com os sons fofíssimos que faz quando é atingida por algo... Eu amo a Rikka, de mais.


Um sorriso que amolece o meu coração como nada nesse mundo.

Sabe quem também ama a Rikka? Yuuta, o temível Dark Flame Master, persona chuuni dele, que dizia não se importar com amor, mas que ao mesmo tempo mandava para meninas declarações que terminavam com a frase "LOVE YOU FOREVER". Qualquer flashback dele dessa época é hilário, assim como a forma como lida com as loucuras da Rikka, ora sentindo vergonha alheia, ora deixando os resquícios do passado o dominar e fazer com que entre no embalo das suas chuunisses.


Fazer umas poses exageradas de vez em quando não mata ninguém, né?

A Dekomori era a minha personagem favorita inicialmente. Agora o casal acima tomou o seu lugar, mas ainda a adoro, é uma baita de uma figura. Sua síndrome da oitava série é ainda mais intensa que a da Rikka, ao ponto de fazer um pentagrama em sua própria barriga com queimaduras do sol, sem contar que não consegue terminar uma frase sem soltar um "DEATH" no meio. Não consigo manter a seriedade no rosto quando ela começa a cantarolar músicas de batalha aleatoriamente, das quais uma é da trilha sonora de Evangelion!


Se eu tivesse que tomar um shot de vodka cada vez que risse das tosqueiras sem sentido que ela diz, eu entraria em coma alcoólico.

A química dela com a Nibutani é excepcional, ver as duas se bicando devia ser uma receita anti-depressão de tão divertido que é. Inclusive, deixa eu contar um segredo: a Nibutani foi o motivo pelo qual eu decidi assistir Chuunibyou, somente pela sua beleza. Mas ela se mostrou muito mais do que uma moça atraente, com seu passado obscuro, ou melhor, iluminado como a maga Mori Summer, e como uma prestativa amiga que se faz de difícil, mas adora ajudar suas amizades.


Por trás desse rostinho bonito há uma pessoa admirável.

Uma boa representação de como eu me divirto assistindo Chuunibyou é a Kumin, que adora participar das chuunisses da Rikka e da Dekomori tanto quanto adora cochilar. É sério, a forma como ela sorri sempre que essas duas fazem qualquer coisa é justamente o que acontece comigo. E o mesmo vale para quando ela faz qualquer coisa, porque não há nada mais aconchegante do que vê-la cochilando onde bem entender, até mesmo na beira de uma piscina.



Na 2ª temporada é introduzida a Shichimiya, outra garota com um caso severo de chuunibyou, uma adição divertida ao elenco, especialmente em suas interações com o Yuuta que fazem a Rikka se morder de ciúmes. Embora não tão carismática quanto a dona do Jaoshingan e a portadora do Mjolnir Hammer, a Sophia Ring SP Saturn VII proporciona diversos momentos de risadas, afinal, é o mínimo que se espera de uma garota mágica com uma risada tão icônica.


Consigo até ouvir o grunhido da Rikka nesse gif após o Yuuta ser abraçado pela Satone.

Mesmo os personagens menores são memoráveis, como qualquer interação com a imponente Sacerdotisa, especialmente a do primeiro episódio da 2ª temporada; o jeito patético de ser do Isshiki, que se torna uma piada total na 2ª temporada; a Kuzuha, irmã do Yuuta, única personagem com um pingo de sanidade nessa série; e até algumas colegas de classe aleatórias conseguem marcar presença ao reagir às chuunisses do elenco principal. As interações entre todos os personagens sempre levantam o meu astral.



Um dos motivos de eu adorar a 2ª temporada, criticada por muitos, é justamente o fato de um dos dois focos principais dela ser situações divertidas com os personagens. Mal há drama ou reviravoltas - é simplesmente o cômico dia-a-dia deles e isso é o suficiente pra mim, graças à supracitada dinâmica do elenco que nunca falha em me fazer sorrir. Além de divertir, essas situações fortalecem os laços deles e tornam suas interações ainda mais envolventes, como no episódio da competição de cochilo que aborda os sentimentos da Kumin da forma mais Kumin possível, e no episódio da falsa Mori Summer que mostra o lado afetivo da relação entre a Nibutani e a Dekomori.


A 2ª temporada é pura diversão.

Drama nunca foi o forte de Chuunibyou. O clima melancólico de alguns trechos da segunda metade da 1ª temporada talvez seja o motivo pelo qual prefiro a 2ª temporada, porque eu não quero ver tristeza, quero ver felicidade! E é isso que é entregue de forma quase ininterrupta, além de focar também no nosso próximo tópico.

CORAÇÃO

Poucas animações conseguem aquecer meu coração tanto quanto essa. Isso se deve ao romance da Rikka e do Yuuta, o meu casal favorito de qualquer mídia. Sinceramente, acho que qualquer coisa que eu disser aqui será redundante após o que escrevi na seção final do meu review do filme Take on Me. Consegui transparecer o quanto amo esses dois mais do que pessoas que conheço na vida real e como a relação deles é singular.


Eu amo os dois tanto quanto eles se amam.

Não existe nenhum casal no mundo dos animes com um relacionamento parecido com o deles. O chuunibyou da Rikka, com todos os impasses que provém disso, e a forma como os dois lidam com isso os distanciam de qualquer romance padrão. É um casal que me diverte com as situações que eles se metem por conta das absurdidades fantasiosas, mas que também me enche de ternura nos momentos de afetividade em que a inabilidade dos dois em lidar com estes fica aparente, assim como o esforço deles em tentar superar isso juntos.



A evolução desse relacionamento é linda de se ver, especialmente agora que estou reassistindo a série desde o início. Logo no primeiro episódio, quando os dois tem a primeira interação dentro da escola e a Rikka diz "Você viu meu olho. Nosso contrato está completo", me deu até calafrios... Mal sabia ela o que estava por vir. Como esse contrato estava longe de estar completo.


Não, Rikka. O Yuuta se tornará muito mais do que sua alma gêmea espiritual...

Durante essa transição dos sentimentos dela de admiração para amor da 1ª temporada, eu me emocionei - em minha reassistida, só pra ressaltar - com as interações que davam indícios do surgimento de um romance, como no episódio 6 com essa cena maravilhosa da Rikka demonstrando ao Yuuta que confiava nele para ajudá-la no que estava por vir, e no episódio 8, quando os dois passam a noite juntos depois de um evento triste.

Esse episódio em particular é um que eu reassistia suas cenas com frequência quando assisti à série a primeira vez em 2017, porque são amáveis a níveis inconcebíveis e representam o turning point nos sentimentos afetivos dos dois. É possivelmente o meu episódio favorito da 1ª temporada. Eu gosto tanto dele que até fiz um meme sobre Super Mario Odyssey com uma de suas cenas! Unindo duas das minhas paixões em um só vídeo.


Sério, cara... Mesmo com tudo que eu tô escrevendo aqui, é difícil de transparecer o tanto que cenas como essa me proporcionam uma felicidade estremecedora.

Esse é mais um motivo para eu amar a 2ª temporada: o foco no romance dos dois. Os vemos como um verdadeiro casal, com cenas deles indo ao mercado fazer compras, em um passeio ao aquário, em uma excursão escolar com uma aventura noturna, experienciando uma primeira briga por conta de besteira, entre outros eventos. Eles até moram juntos durante a temporada inteira! Essa convivência tornou possível situações adoráveis e hilárias como essa logo abaixo.


 

Mas mesmo com toda essa proximidade, o desenvolvimento do relacionamento deles é lentíssimo, um dos motivos pelos quais as pessoas criticam essa temporada, mas é isso que o torna especial. Assim como o Yuuta diz no 6º episódio em um dos meus diálogos favoritos, "Isso foi amor? Ou algo parecido? Eu não sei, mas lentamente, de pouquinho em pouquinho, algo estava florescendo", e isso descreve perfeitamente como essa temporada aborda o desenvolvimento do casal, com calma e delicadeza, tudo em seu tempo.


A capa da trilha sonora do filme Take on Me é a minha favorita de qualquer OST da KyoAni, porque mostra o casal revisitando as memórias que tiveram durante sua maravilhosa viagem ao redor do Japão, que fortaleceu o contrato deles mais do que qualquer outra experiência. É um retrato tão fofo dos dois que me dá até vontade de chorar. EU AMO ESSES DOIS!!!

E não é só nesse relacionamento que Chuunibyou ganha meu coração. Querendo elas ou não, a Nibutani e a Dekomori são um casal. Pô, elas até já se beijaram! Mesmo sendo majoritariamente uma dupla cômica, o anime explora o lado afetivo dessa relação de forma que fica evidente a importância de uma para a outra, especialmente na reta final da 1ª temporada e no episódio em que surge a falsa falsa Mori Summer dizendo ser a verdadeira. Para a Dekomori, só pode existir uma verdadeira falsa Mori Summer e essa é a Nibutani!


Apesar de parecer que uma quer sempre matar a outra...

...no fundo as duas não conseguem viver uma sem a outra.

IDENTIDADE

Poucas obras fizeram com que eu me assegurasse da minha personalidade. A princípio, Chuunibyou pode parecer apenas uma comédia romântica bobinha. Não vou mentir - essa foi a minha primeira impressão, mesmo após terminar de assistir e ter adorado. Mas com o passar do tempo percebi como havia mais além da superfície. E mesmo se não houvesse, não seria um problema. Nem tudo precisa ser profundo ou repleto de mensagens para ser marcante. Se algo te faz feliz, já é motivo suficiente para você se orgulhar de gostar daquilo.

Um dos temas centrais da obra são as identidades pessoais e sociais. A busca pela normalidade e pela aceitação social são objetivos que o Yuuta e a Nibutani buscam no início da série, querendo enterrar aspectos dos seus passados que pudessem ser vistos com preconceito pela sociedade. Porém, ao conviverem com a Rikka, que age igual a como eles agiam antigamente, lhes ocorre a seguinte indagação: será que isso que estamos tentando enterrar é algo crucial à nossa personalidade?



Eu passei por isso no ensino médio. Teve uma época que eu queria enterrar o meu lado fã de videogames por conta do círculo social em que estava inserido. Sempre adorei escutar músicas de jogos da Nintendo, mas nessa época, tirei todas elas do meu iPod e só deixei aquilo que chamavam de "música de verdade". Por sorte essa fase não durou muito e logo percebi que estava perdendo a minha identidade, algo que acontece com a Rikka.

Por conta do seu chuunibyou, ela é pressionada por diversas pessoas e de início não se importa. Mas quando começa a namorar com o Yuuta, o rapaz aproveita para tentar transformá-la em uma "garota normal" aceita pela sociedade. Apesar de fazer isso com boas intenções, ele não percebe como isso a machucava, porque o Jaoshingan havia se tornado parte crucial da sua personalidade, além de um mecanismo de defesa. Com isso retirado de maneira repentina, ela fica vulnerável.



Outro dos meus diálogos favoritos do anime é em relação a essa atitude do Yuuta, em que a Nibutani, cuja tanto ansiava por uma imagem de garota normal, passa a refletir como nem todo mundo precisa se enquadrar nos padrões sociais se isso significa perder a sua essência. Ainda um tanto cego por sua busca pela normalidade, o Yuuta responde "Que profundo", e a Nibutani retruca com um belo de um "Não, você que é raso", praticamente um tapa na cara.


"Só acho que talvez todos tenham alguma espécie de síndrome, sabe?"

Felizmente, logo o Yuuta percebe como estava sendo influenciado pela pressão social, assim como aconteceu comigo no ensino médio. Por causa da Rikka, ele entende como o chuunibyou é uma parte crucial da personalidade não só dela, mas também dele. É o vínculo que os uniu. O contrato não existiria caso não houvessem Jaoshingan e Dark Flame Master. É possível que ela perca essa "síndrome" futuramente, mas o Yuuta aprende que isso acontecerá naturalmente e não de forma prematura como ele tentou forçar.



Em seu cerne, a mensagem principal de Chuunibyou é uma que já se tornou batida, mas que a execução honesta e envolvente fez com que se tornasse legitimamente inspiradora para aqueles que, assim como eu, criaram um vínculo emocional com a obra: seja você mesmo. Se orgulhe de seus gostos e de sua personalidade, mesmo que algumas pessoas não o vejam com bons olhos. 


Se alguém vier te julgar, seja como o Dark Flame Master e faça com que sejam engolidos pelas chamas da escuridão!

O tanto que gostei de Chuunibyou fez com que eu quebrasse mais uma barreira no meu preconceito por animes, algo que, por sua vez, me trouxe uma felicidade que jamais seria alcançada de outra forma. Diversas pessoas na internet e alguns amigos do meu ciclo mais importante de amizades demonizavam animes moe e eu ia na deles. Quando decidi dar uma chance e me apaixonei por trabalhos como esse e K-ON!, esses amigos começaram a me zoar sem parar e um deles até ficou indignado com o simples fato de eu ter adorado algo "tão tosco".

Mas eu não me deixei levar por isso, porque o tanto que tais animes me alegravam era muito mais forte do que qualquer pressão social. Continuei falando sem parar deles e expondo suas qualidades, algo que faço até hoje. Inclusive, recentemente em meu perfil do Twitter estou postando diversas cenas de Chuunibyou com breves análises em inglês, já que estou reassistindo à série. Pretendo expandir esses comentários aqui no blog em breve com uma série de textos em que revisito as duas temporadas e o filme, provavelmente com um texto pra cada.

E apesar da finalidade desse texto ser mostrar a importância desse anime para mim, acho válido compartilhar aqui algumas mensagens de pessoas que tem Chuunibyou como seu trabalho favorito da KyoAni, as quais recebi em minha fanpage KyoAni Everyday após perguntar aos meus seguidores sobre o impacto do estúdio na vida deles para organizar um tributo em decorrência do terrível incidente do dia 17 de julho.



MÚSICA

Poucos animes têm o poder de fazer com que eu não me canse de ouvir suas músicas incontáveis vezes depois de anos. Tá, esse tópico definitivamente não é tão importante quanto os demais, mas precisava de algo pra fechar o número em 5, porque 4 não tem o mesmo impacto, né... Mas enfim! As músicas de Chuunibyou são insanamente cativantes, desde as aberturas, encerramentos, trilha sonora e até as character songs.

Assim como falei no início do texto, esse mês eu escutei a playlist da série pelo menos umas 10 vezes e isso é algo que faço com frequência ao longo do ano. A imagem abaixo da playlist da KyoAni do meu iPod mostra como as músicas de Chuunibyou estão no topo em relação a reproduções, com várias com mais de 60 desde 2017. Assim como o anime em questão, suas composições sempre alegram o meu dia-a-dia.



As canções de abertura e encerramento são definitivamente as minhas favoritas, algumas das melhores da KyoAni. As de encerramento são cantadas pelas dubladoras das garotas principais e é legal notar a voz de cada uma. As que mais se destacam são as da Nibutani, dublada pela Chinatsu Akasaki, por ser mais grossa que as demais, e a da Dekomori, dublada pela Sumire Uesaka, por conta da sua voz soar bastante única e divertida pra mim. Sério, eu gostei tanto da voz dela que em 2017 cheguei a pesquisar outros animes em que ela estava envolvida.

Mas sabe qual a melhor coisa a se fazer para apreciar a voz de cada uma delas individualmente? Ouvir as character songs. Diversos dos animes da KyoAni têm alguns singles ou mini-álbuns com músicas cantadas pelas dubladoras das personagens desses trabalhos, geralmente com uma sonoridade e letras que remetem a estas. O exemplo que melhor ilustra isso são as da Dekomori. Só o nome das canções já dizem tudo: DARK DEATH DECORATION e DOOMSDAY’S DOGMA. São edgy pra cacete, igual a personagem. Mas vou dizer que eu curto muito.


Olha a letra disso, cara. Mais Dekomori impossível.

A trilha sonora também é uma das mais memoráveis do estúdio, graças às suas composições alegres que grudam facilmente na cabeça. Também tem algumas mais calmas, geralmente com a melodia principal no piano, das quais a maioria me remetem ao relacionamento da Rikka e do Yuuta, aí já viu, né… Me emociono sempre que ouço. Esse mês comecei a aprender a tocar uma delas no piano, mas não tenho vídeo gravado ainda. Lindíssima. E um detalhe interessante: o compositor é o Akito Matsuda, que também compôs para Hibike! Euphonium (review em breve), meu anime favorito da KyoAni.


E aqui mais uma capa de trilha sonora que retrata uma cena comum do cotidiano desse casal. A simplicidade de ilustrações assim tem um charme sem igual.

Outra música que comecei a aprender no piano foi a tema de encerramento do filme, Kokoro no Namae, uma que me dá calafrios só de mencionar, porque representa a parte sentimental da relação do casal com toda a ternura do mundo, com uma letra que descreve a importância de um na vida do outro. I cry everytime. Fiquei com vontade de aprendê-la assim que assisti ao filme e até fui um tanto longe, mas não segui em frente por conta da transcrição esquisita depois da metade da única partitura que encontrei. Abaixo um vídeo meu tocando um trecho dela.



KYOANI

E por fim, poucos presentes que recebi foram tão impactantes quanto o que Chuunibyou me proporcionou - a introdução da Kyoto Animation em minha vida. Esse foi o primeiro trabalho que assisti desse estúdio que conseguiu uma façanha que eu jamais imaginei possível: assumir o lugar do Studio Ghibli como o meu estúdio de animação favorito.

Claro, a importância do Studio Ghibli e de seus trabalhos pra mim é imensurável, até porque foi a minha introdução geral a animes, que se tornaram minha mídia audiovisual favorita, e Sussurros do Coração (meu review) ainda é o filme mais importante da vida desse rapaz que vos escreve, mesmo depois de 5 anos. Mas é impossível negar que o meu dia-a-dia a partir do momento que assisti Chuunibyou se tornou KyoAni 24h por dia. Me apaixonei pelo trabalho do estúdio mais do que pela minha primeira namorada.

Em fevereiro de 2018 criei uma fanpage no Instagram em que posto imagens e vídeos de todos os trabalhos do estúdio diariamente, que hoje já conta com 7000 seguidores; dois de seus animes, Hibike! Euphonium e K-ON!, foram a minha inspiração para comprar um teclado e começar a estudar música; converso todo dia em um server de Discord dedicado aos fãs da KyoAni, onde criei fortes amizades e até já planejo conhecer alguns deles pessoalmente no Canadá; além, é claro, de consumir as suas produções frequentemente, seja assistindo e reassistindo episódios ou escutando músicas. KyoAni se tornou a minha vida.


É de uma gratificação imensa chegar todo dia em casa depois do trabalho e olhar pra essa lindeza de mural.

Nenhum dos motivos citados nesse texto seriam possíveis se não fosse o trabalho do estúdio em trazer à vida esses personagens e esses temas por meio da fascinante animação pela qual a KyoAni é conhecida: linda de doer, repleta de preciosismos e detalhes minuciosos que fazem com que cada figura em tela pareça realmente viva e não apenas um desenho 2D. A comédia visual de Chuunibyou consegue me fazer rir sem uma palavra sequer ser dita e os momentos emotivos são dirigidos com tamanha afetividade que os enquadramentos comunicam tanto sobre os sentimentos dos personagens quanto eles mesmos.



Não preciso nem dizer o quanto fiquei devastado com o incêndio criminoso que tirou a vida de 35 animadores do estúdio em julho. É uma ferida que jamais será curada. Mas se existe algum conforto diante dessa situação, é que a dedicação destes que se foram ficará eternizada no meu coração por meio de trabalhos como Chuunibyou. Não posso dizer com toda a certeza do mundo que a chama do meu amor por esse anime e pelo estúdio jamais se apagará, mas assim como aprendi com K-ON!, vou aproveitar o presente com todas as minhas forças e deixar que o futuro se desenrole naturalmente. Nesse presente, a KyoAni é a minha maior fonte de felicidade.


-por Vinicius "vini64" Pires

Confira minhas análises sobre animes da Kyoto Animation:
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