domingo, 14 de outubro de 2018

A Super influência de Mario em minha vida


Ontem, 12 de outubro de 2018, foi o Dia das Crianças. Aos 22 anos, já não faz mais sentido receber presentes neste dia. Ainda assim, ontem recebi um presente, na Brasil Game Show. Não foi apenas um simples presente, foi possivelmente o melhor que já recebi na vida no Dia das Crianças. Eu conheci o Charles Martinet, dublador do Mario, e ganhei um autógrafo seu. Me emocionei. Quase chorei. Só não chorei porque tenho vergonha de fazê-lo em público. Minha timidez é mais forte que minhas emoções, infelizmente.

Eu levei dois jogos para ele autografar e queria pedir para que mandasse uma mensagem ao meu melhor amigo, mas a fila estava gigantesca, então ele só poderia autografar um dos jogos e nada de mensagens. Os jogos eram Super Mario 64 e Super Mario Galaxy 2. A decisão de qual deles escolher não foi nada difícil – meti o Galaxy 2 na mochila e continuei com o Mario 64 na mão.

Com esse autógrafo, meu cartucho é mais valioso do que se fosse de ouro <3


Eu amo o Galaxy 2, até mais que o Mario 64, mas o valor simbólico que o jogo de Nintendo 64 carrega para mim é inigualável. Não fosse por ele, eu simplesmente não seria quem sou hoje, pois foi esse jogo que me trouxe uma das maiores paixões da minha vida, as minhas maiores amizades e a minha profissão atual.

O destino fez com que minha mãe ganhasse o Nintendo 64 em uma rifa em 1999. Sabe-se lá o que eu me tornaria se não fosse essa rifa. Minha mãe tinha um Master System e um Mega Drive antes disso, então talvez eu me tornasse um fã da Sega, o que seria o pior cenário possível. O fato é que o N64 me introduziu ao mundo do Mario e da Nintendo, o qual eu sigo assiduamente até hoje e talvez tenha sido o que mais me proporcionou felicidade ao longo de todos os anos da minha vida.

Meu Nintendo 64 em 2011. Alguns desses jogos eu vendi, os menos importantes, como o Tony Hawk.

Muito se vê notícias de que videogames influenciam no comportamento das pessoas e eu acredito 100% nisso, porque grande parte da minha personalidade se deve à minha paixão por jogos da Nintendo. Eu sempre fui uma criança quieta e comportada, até mesmo na adolescência, o que é estranho se considerar que minha infância foi regada de muita liberdade. Desde pequeno tive acesso a computadores, videogames e TV a cabo e nunca tive qualquer restrição em relação a usá-los, além de nunca ter apanhado na vida.

Eu com meu primeiro boneco do Mario. Não sei de quando é essa foto. Provavelmente entre 2000 e 2002 (a data ali embaixo está errada).

Geralmente crianças com essas regalias acabam se tornando mimadas, mas felizmente não foi o meu caso e acredito que os jogos de Mario tiveram influência nisso, pois eram a minha fonte de felicidade. Quando não estava jogando, tudo o que eu fazia era relacionado a estes, como pesquisar e publicar conteúdo na internet, escrever historinhas e desenhar personagens ou pistas de Mario Kart.

Alguns layouts de pistas que desenhei em 2008, exceto aquela em folha de caderno, feita em 2011.

Eu comecei a aprender inglês logo quando criança por causa desses jogos. Queria entender melhor o que era dito neles e compreender o que as pessoas falavam na internet a respeito deles. Lembro que na 2ª série eu emprestei a uma professora a caixa do Paper Mario que aluguei na locadora para que ela traduzisse o que estava escrito em seu verso, porque era um dos meus jogos favoritos.

No meu canal do YouTube, criado para postar coisas legais de Mario e Nintendo que eu encontrava na época, é possível encontrar alguns vídeos de 2007 e 2008 com o meu inglês horrendo da época que mostra um esforço de minha parte, porque eu não queria apenas entender o que era dito, queria me comunicar com a internet e os fãs de Mario. Em meus comentários no canal, é incrível ver o quanto eu evoluí em pouquíssimo tempo por conta deste anseio.

Comentário de 2008.

Comentário de 2010. Uma melhora significativa. Nada de "maded".

Eu sempre me senti diferente das pessoas com quem eu convivia, em um bom sentido. Tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, nunca me encaixei em um grupo de amizades com os mesmos gostos que eu. Todos ao meu redor pareciam ter gostos similares entre eles e agiam de forma que deixava em evidencia seus ciclos sociais, muito por conta de pressão social. Gostos e vestimentas eram ditados pela moda da época, algo que persiste até hoje e sempre persistirá.

Já eu nunca fui afetado por pressão social. Continuei consumindo e produzindo meus conteúdos de Mario e me vestindo da forma que me agradava, sem mudanças drásticas de personalidade. Na 6ª série, enquanto os meus colegas queriam jogar bola e conversar de Counter-Strike, eu escrevia uma historinha de um RPG que unia Mario e Pokémon. No 1º ano do ensino médio, enquanto os caras só pensavam em pegar garotas, tudo o que eu pensava era nos records que adorava fazer para o site Cyberscore.

Uma página da historinha RPG que escrevia em 2008. Tenho tudo guardado.

Um episódio triste da minha infância se deu quando fui passar um fim de ano com meus tios em 2008. Meu primo levou um amigo dele e os dois me zoavam sem parar, se achavam os maduros com uns papos de putaria que eu realmente não entendia. Me chamavam de bebezinho por gostar de Mario. Eu não aguentei e pedi para o meu pai vir me buscar lá no litoral de SP. Mas mesmo com esse bullying eu apenas continuei a gostar mais e mais de Mario, pois era o que me deixava feliz e me tornava diferente de pessoas como eles.

Lendo uma edição da Nintendo World em...2007, acho?

Em 2013, quando eu dei uma recaída e estava me direcionando ao mau caminho, uma das atitudes que tomei para mudar minha personalidade foi retirar todas as músicas de jogos do meu iPod. Na época eu não pensei nisso, mas hoje entendo que fiz isso por conta da enorme influência que simples músicas tem em minha pessoa, especialmente as de Mario.

Felizmente essa minha recaída não durou muito e logo voltei às minhas origens, pois até hoje certas músicas de jogos me dão calafrios ou me emocionam por estarem atreladas a boas lembranças. Eu não sei o que seria do meu dia-a-dia sem elas, seja durante o trabalho, em casa ou na rua. Algumas dessas músicas fazem com que eu caminhe de forma mais alegre na rua. Meu iPod hoje conta com mais de 350 músicas de Mario.

Meu fiel companheiro desde 2012, tocando a minha música de créditos favorita da história.

Voltando ao YouTube, minha maior conquista em relação a isso foi a série machinima que criei, chamada Super Metal Mario. Machinima é o nome dado a séries que fazem uso de um jogo de videogame para contar uma história, como uma animação. Qual jogo usei para criar uma história em cima? Super Mario 64. Não poderia ser outro.

Com o primeiro episódio lançado em 31 de agosto de 2007, quando eu tinha 11 anos, me inspirei em uns vídeos gringos divertidos chamados Super Mario 64 Bloopers, que basicamente mostravam o Mario correndo por aí com alguns diálogos toscos em forma de legendas. Às vezes tocavam Scatman John nos vídeos, um artista que gosto de escutar até hoje. No início minha série seguia esse formato. Só depois, na 2ª temporada, que decidi introduzir uma historinha e maior continuidade entre os episódios.

                               

Super Metal Mario é um marco em minha história por ter sido o início do hobby que viria a se tornar minha atual profissão – edição de vídeo. Comecei no infame Windows Movie Maker, cheio das limitações, aí avancei ao Sony Vegas com sua pletora de funções e efeitos. O pulo de qualidade dos episódios foi enorme. Eu assistia tutoriais com frequência para aprender a mexer melhor no programa e fazer novos efeitos, era algo que eu amava estudar. Muito do que sei de vídeo hoje se deve a essa experiência.

O episódio final, nº 40 (sim, eu fiz QUARENTA episódios), dividido em cinco partes, foi lançado em 2012, mas ainda faltou a parte 5 que eu nunca fiz, por conta de novos interesses e das limitações de se produzir uma série usando o Super Mario 64. Ao longo de todos esses anos eu trabalhei esporadicamente nessa parte final. Foi nela que comecei a me aprofundar pra valer no Adobe After Effects, pois queria fazer efeitos altamente superiores aos do Sony Vegas.

Making of de uma cena que só foi possível produzir no After Effects.

Curiosamente, o trabalho que usei o After Effects pela primeira vez também foi um que envolveu o Mario 64. Escrevi um roteiro em que o Mario é substituído por uma pessoa de verdade dentro do jogo e o produzi junto dos meus colegas do curso de Multimídia. O professor de vídeo disse que foi um dos melhores trabalhos já feitos na faculdade. Foi complicado de se fazer para um iniciante no programa, mas o resultado valeu a pena e me familiarizou a essa ferramenta que eu viria a usar frequentemente nos meus trampos profissionais em produtoras.

                                

Mas nem todas as influências desse jogo foram boas. Voltemos a 2007. Havia uma comunidade no Orkut chamada Super Mario 64 Brasil, a qual eu participava ativamente. Algo que adorava nela é que os membros faziam competições semanais de records no jogo, de quem conseguia coletar tal estrela em menor tempo ou apertando o botão A menos vezes. Eu era viciado em participar disso. Tanto que, em uma ocasião, roubei um record do YouTube e postei no meu canal como se eu tivesse feito.

Claro que descobriram, porque minha ingenuidade de criança não viu problema em pegar um vídeo de um dos maiores recordistas da época, o famoso BobMario. Fui banido das competições. Além disso, um dos moderadores pediu para um dos membros vir me zoar no MSN por conta dessa minha atitude. Esse membro, chamado Jordan, olhou minha foto de perfil e mandou a seguinte mensagem: "e esse Mario 64 do Paraguai aí hein???". A foto em questão se encontra logo abaixo:

A icônica foto do "Mario 64 do Paraguai", tirada em 2006.

Mal poderia imaginar que esse tal de Jordan que só me adicionou no MSN para me provocar se tornaria o meu melhor amigo da vida. Depois de trocas de xingamentos entre duas crianças, eu decidi falar com um outro moderador do grupo para fazer algo a respeito disso, já que o Jordan não parava de me atormentar.

Eu não lembro o que o moderador falou, mas eu sei que no fim da discussão eu disse "quero começar a fazer records de Super Mario Sunshine, adoro esse jogo", aí o Jordan respondeu "eu também!" e então, da forma mais ridícula possível, se estabeleceu uma amizade indestrutível que se fortalece a cada ano que passa.

Jordan (com o celular), eu e o Amilton, outro amigo que considero tanto quanto o Jordan e que conheci em um grupo do MSN de Mario. A história desse grupo é tão extensa e conturbada que merece um texto próprio.

Outra coisa que se fortalece a cada ano que passa é o meu vínculo com Mario. Ano passado foi lançado Super Mario Odyssey. Eu só comprei o Nintendo Switch por causa dele. Nunca fiquei tão empolgado com um jogo como com esse. Quando finalmente pus minhas mãos nele em seu dia de lançamento, joguei por três dias seguidos até zerar 100%. Foi uma experiência impossível de se descrever somente com palavras. Sensações que jamais tive com qualquer outro jogo na minha vida.

Ficar imerso em diversos reinos encantadores por mais de 5h em cada, explorando cada cantinho deles, descobrindo segredos e desafios a cada passo que dava... E um final que conseguiu me deixar emocionado. Calafrios me dominaram por todo o corpo, junto dos olhos marejados. Odyssey é uma celebração dessa franquia que traz alegria a milhares de pessoas no mundo todo desde os anos 80 e que jamais perderá sua magia.

Eu gostar de Mario vai muito além de um simples gosto. É uma paixão, um amor, é parte fundamental da minha personalidade. Não existiria Vinicius Pires, o vini64, se não fosse o Super Mario. Seria um game over instantâneo, independente do meu número de vidas. Mas graça a sua onipresença em minha vida, eu estou sempre com a estrela de invencibilidade.


-por Vinicius "vini64" Pires
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