domingo, 30 de setembro de 2018

Kanon (2006)


Há alguns meses eu escrevi uma análise de Air, um dos primeiros animes da Kyoto Animation e a primeira adaptação de uma visual novel da empresa Key feita pelo estúdio. Este se mostrou o trabalho mais fraco deles em minha opinião, então esperei um pouco para seguir em frente com seu sucessor.

Mas agora chegou a hora de avaliar Kanon, um anime de 2006 repleto de similaridades com o seu antecessor. Será que os erros anteriores que me impediram de apreciar a série foram fixados ou mantidos?

PERSONAGENS

O rapaz "da vez" que fica cercado por jovens charmosas é o Yuichi Aizawa. Em aparência ele é similar ao Kyon de The Melancholy of Haruhi Suzumiya (meu review), inclusive compartilha do mesmo dublador, mas é mais expressivo, tem lábia com as garotas e adora pregar pegadinhas.


Yuichi retorna, após 7 anos, a uma cidade nevada onde passou uma parte de sua infância, mas estranhamente tem poucas lembranças dessa época. Ele se hospeda na casa de sua prima, Nayuki Minase, uma menina alegre e otimista, porém com um sério problema de sonolência. Na casa também vive a Akiko, mãe de Nayuki, uma mulher bondosa que faz de tudo para alegrar aqueles com quem convive e é dona de uma receita de geleia que é capaz de desnortear a pessoa mais sã do mundo.

Nayuki e sua mãe Akiko.

Logo em seus primeiros dias na cidade, Yuichi se depara com uma garota que diz que o odeia, mas não se lembra do motivo. Na realidade, ela sequer se lembra seu nome. À frente ela se recorda – Makoto Sawatari. A menina chata, que também passa a viver junto da família Minase, faz de tudo para amolar o Yuichi, apesar de que quem leva a pior à maioria das vezes é ela.


Também em seus primeiros dias, Yuichi se encontra com uma menina baixinha e energética chamada Ayu Tsukimiya. Os dois se encontram frequentemente de forma inusitada, sempre se esbarrando por acidente. Ela ama taiyaki mais que tudo na vida e está em busca de um item precioso que perdeu em algum lugar da cidade. Também passa a viver com a família Minase depois de um acontecimento com a Makoto.

Ela tem uma mania esquisita de falar "Uguu~" com frequência, sabe-se lá o porquê.

Em um de seus passeios com a Ayu, Yuichi conhece a Shiori Misaka, uma menina tímida de pele branca como a neve. Posteriormente ele descobre que ela estuda no mesmo colégio que frequenta, porém com a diferença crucial de que não comparece às aulas por conta de um "resfriado". Todos os dias durante o intervalo ele desce para conversar com essa garota um tanto carente.


A última donzela com presença proeminente em sua vida é a Mai Kawasumi, uma garota que raramente se comunica e que sequer parece saber sorrir, mas que adora encher a barriga de comida. O Yuichi pelo visto curte moças assim, pois tenta provocar reações dela sempre que possível, embora o máximo que geralmente recebe é um inofensivo golpe de karatê na cabeça. Mas se tem algo que não é inofensivo é a katana que carrega consigo às noites na escola, onde diz caçar demônios invisíveis.


Essas são as protagonistas que movem o enredo de Kanon, com arcos individuais para cada uma delas, nos quais certos pontos da narrativa se intercalam entre alguns deles. Falarei a respeito de todos em foco à frente no texto.

ARTE

De todos os animes da KyoAni que assisti até então, não teve um único sequer que eu tenha achado feio, nem mesmo Air com seu design de rostos esquisitíssimo, mas Kanon conseguiu a façanha de se tornar o primeiro trabalho do estúdio com cenas que eu pensava 
"caraca, que horrível", grande parte por conta dos efeitos especiais que destoam completamente do estilo de arte.

Com uma imagem parada não dá pra perceber, mas esse rio em movimento não se encaixa com o resto do cenário.

As cenas com flocos de neve – especialmente as noturnas – e corpos de água como rios e fontes são as que mais me incomodaram. As de neve parece que pesquisaram "snow greenscreen effect" no YouTube e pegaram o primeiro resultado, enquanto as de água contam com uma computação gráfica ultra realista que não combina com o restante das cenas, pois é como se mesclassem o real com o desenhado sem qualquer harmonia.

Novamente, é mais fácil de perceber com movimento, mas esse efeito de neve é horroroso.

Mas teve uma cena em particular que eu tive que pausar o episódio para rir de tamanha tosquisse. Uma cena de banho que tem um pato de borracha na banheira... Mas não é qualquer pato... Ele não é desenhado... Ele é um modelo 3D... Sério, quem deixou isso passar como aceitável merece ser demitido, porque é um negócio horrendo!

Cruz-credo...

Outro aspecto negativo carregado de Air são os olhos gigantescos, desproporcionais e feios. Nada foi melhorado em relação a isso, nem mesmo a aparência de "textura de videogame de baixa qualidade sem profundidade" dos olhos. Você se acostuma depois de um tempo, mas nunca se torna algo agradável de se olhar.


Entretanto, nem tudo é caso perdido em relação à arte de Kanon. Um dos principais intuitos da obra é te causar uma sensação de nostalgia e acredito que a distribuição de cores faz um bom trabalho em proporcionar isso na maioria das vezes, com uma paleta que não abusa de cores saturadas e de alto contraste. Apesar do anime inteiro ser situado em uma cidade nevada, há uma abundância de cenas que usam cores quentes, as quais conseguiam me fazer sentir confortável. Os cenários também são agradáveis de se olhar.


MÚSICA

Assim como diversos de seus aspectos, a trilha sonora de Kanon é similar à de Air, por conta de ser um trabalho da mesma empresa e do mesmo compositor. Suas composições são retiradas direto da visual novel de PC e a sonoridade sintetizada MIDI de grande parte delas ainda me soa como uma viagem aos anos 2000, o que contribui em peso ao ar nostálgico da obra.

                             

Porém, o que mais contribui em relação a isso é o foco maior em composições com piano. A melodia de quase todas faz uso de notas agudas para dar aquela ênfase no fator emocional e posso confirmar que soam como leves flocos de neve. Eu posso reclamar de diversos elementos de Kanon, mas não da trilha sonora, pois a maioria das músicas são lindas e me dão calafrios mesmo sem ter me apegado emocionalmente à obra.

                             

Se tem algo que posso criticar em relação às músicas é o tanto que diversas peças se repetem ao longo do anime. Isso é uma prática normal em qualquer animação, mas sinto que em Kanon algumas delas tocam em praticamente todos os episódios, ao ponto de você conseguir prever quando serão tocadas. Além disso, são escassos os momentos de silêncio – quase toda cena é acompanhada de uma música de fundo, o que prejudica certos momentos emotivos que se beneficiariam da ausência de trilha.

Uma cena como essa de uma conversa íntima entre dois personagens durante uma situação tensa seria mais impactante se não houvesse música de fundo.

A música de abertura continua com a pegada trance e a batida cativante da opening de Air. Embora não seja tão marcante como sua antecessora, é uma ótima canção, apenas acho que a versão usada na abertura devia introduzir a batida antes, pois ela basicamente começa quando a abertura termina. Mas é compreensível a decisão de focar na melodia do piano para dar aquela vibe de f e e l s.

                             

Já a música de encerramento não é tão memorável, inclusive é um dos pouquíssimos endings da KyoAni que eu raramente assistia. Assim como Air, é uma composição mais alegre do que a abertura e conta com uma animação simplória de acompanhamento da Ayu correndo incessantemente.

                             


ARCOS

AVISO: Essa seção contém spoilers! É recomendável que tenha assistido a série antes de ler.

Kanon expande a fórmula introduzida em Air, a adaptação anterior da KyoAni de uma visual novel da Key, portanto a história é dívida em arcos focados em cada uma das principais garotas e suas relações com o protagonista macho. Dessa vez abordarei cada um dos arcos individualmente ao invés de fazer comentários generalizados.

Felizmente, Kanon resolve o problema crucial de Air e oferece uma narrativa sem muitas complicações e com tempo de sobra para respiro devido aos seus 24 episódios contra os 12 da série anterior. Por outro lado, se disser que esse tempo foi aproveitado devidamente eu estarei mentindo descaradamente, pois a obra é repleta de problemas em seu enredo.

Enquanto Air necessitava de mais episódios para desenvolver sua história desnecessariamente complexa, Kanon parece que poderia oferecer uma experiência melhor se dispusesse de menos episódios, pois em muitos deles nada acontece e alguns eventos se arrastam além da conta. Então vamos aos detalhes.

ARCO DA MAKOTO

Depois de alguns episódios introdutórios do elenco inteiro, o primeiro arco a ser explorado propriamente é o da Makoto. Desde o início eu não fui com a cara dela, pois é uma das personagens mais irritantes de qualquer anime que já assisti.

Os episódios iniciais de Kanon se resumem a uma fórmula cansativa que consiste em uma seção do dia-a-dia do Yuichi com a Makoto enchendo o seu saco e outra seção dele se encontrando com a Ayu no centro da cidade. As seções da Ayu até que são legalzinhas, mas as da Makoto são um verdadeiro teste de paciência. Alguns momentos me faziam rir, mas a grande maioria chega a ser constrangedora, pois é um humor tão infantil que pode ser comparado a piadas de peido.


A Makoto termina todas as suas frases com "Auuu~", um som estranho que soa como um animal. Isso é para te deixar indagado, se perguntar "por que será que ela faz esse som?", mas o efeito que surtia em mim era o de me deixar mais incomodado com a personagem de tão chato que é esse som. O fato é que ele tem a ver com o segredo da Makoto – ela na verdade é uma raposa que foi transformada em humana e abriu mão de suas memórias para viver com o Yuichi, pois o rapaz cuidou dessa raposa na infância quando ela se machucou.


Pois é, logo em seu primeiro arco, Kanon já traz umas paradas sobrenaturais absurdas. Ao menos isso é explicado devidamente, diferente de Air que trazia mais dúvidas do que respostas. Contudo, não significa que tenha conseguido ganhar meu interesse. Nem mesmo a progressão do arco me captou, que mostra a saúde da Makoto regredindo lentamente ao ponto de não conseguir falar nada além de emitir sons de animais até seu derradeiro desaparecimento da vida de todos.


O grande segredo da Makoto é revelado por uma garota chamada Mishio Amano, uma personagem que é o melhor exemplo de plot device que já vi na vida, pois seu único e exclusivo propósito é revelar o segredo da menina e nada além disso. Não sabemos nada a seu respeito e ela nunca mais mostra as caras na série depois de suas duas breves aparições no arco da Makoto. O desenvolvimento de personagens de Kanon tá longe de ser dos melhores, mas isso aqui chega a ser ridículo.


Se for levar em consideração os episódios dedicados exclusivamente a esse arco, ele é o maior de todos e chuto dizer que também é o pior. Seu desfecho é bonito, não vou negar, mas não teve o mínimo impacto em mim porque não conseguia simpatizar com a Makoto.


ARCO DA SHIORI

Assim como o arco anterior, o da Shiori demora uma eternidade para chegar a lugar algum. Todas as suas aparições durante os primeiros dez episódios se resumem ao Yuichi conversando com ela do lado de fora da escola enquanto a garota solta alguns indícios de um segredo que guarda. Isso se arrasta tanto que chega a aborrecer, é um artifício feito para te manter interessado na personagem, mas surte o efeito contrário em minha pessoa.


Depois de muita enrolação, surgem as revelações de que a Shiori não tem um simples resfriado, mas sim uma doença desconhecida que a levará à morte em pouco tempo e que sua irmã mais velha é uma das colegas de classe do Yuichi, uma moça chamada Kaori Misaka que recebe destaque desde o início do anime.


O grande anseio da Shiori era o de viver uma vida escolar normal com sua irmã, mas a doença a impossibilitou. Isso é revelado ao Yuichi pela Kaori, naquela cena visualmente horrenda na neve que mostrei na seção ARTE. A menina chora, pois também queria aproveitar o tempo com sua irmã, mas não consegue sequer olhar para ela por conta da tristeza.

É um drama barato que não me pega. Não exploraram os personagens suficientemente para eu me importar. Soltar uma revelação chocante assim do nada depois de tanta enrolação não funciona comigo.


Quando mostraram toda essa situação, já conseguia imaginar o desfecho. As duas irmãs se reconciliariam depois de muito esforço em uma cena emocionante e a Shiori morreria logo em seguida. Acertei a parte do reconciliamento, mas a menina continua viva, apesar do episódio final do seu arco dar a entender que ela morreu com um bilhete que deixa ao Yuichi dizendo adeus depois de se divertir o dia inteiro com ele.


Inclusive, tá ai outra incoerência dessa história: se a Shiori estava à beira da morte da forma que é implicado o tempo todo, por que ela não dava indícios nenhum disso e conseguia passar dias inteiros de pé se divertindo com o Yuichi? Depois desse bilhete, mostram que ela ainda está viva, mas em péssima situação, sendo que nunca aparentou qualquer pioria em sua saúde ao longo dos episódios.


ARCO DA MAI

Desde sua introdução, a Mai foi a personagem que mais me chamou a atenção. Uma garota taciturna misteriosa que caça demônios de noite na escola, sem aqueles indícios de um segredinho que se arrasta ao longo dos episódio assim como as outras meninas. O arco dela é direto ao ponto: ela caça demônios e é isso aí! Não precisa de nada além disso, já é o suficiente para me manter entretido. Eu gosto de personagens com a personalidade dela, uma menina pouco comunicativa que aos poucos se abre e mostra sua personalidade interior.


Um grande acerto de seu arco é a sua melhor amiga, Sayuri Kurata. Diferente da menina do arco da Makoto que só aparece como artifício para concluir o enredo, a Sayuri é parte integral de toda a narrativa do arco da Mai. Ela é uma garota com uma personalidade oposta a de sua amiga, pois é alegre e comunicativa, mas ainda assim as duas nunca são vistas separadas.


Gosto da forma como o anime explora a importância de uma para a outra, isso proporciona mais motivos para nos importarmos com as duas. O desenvolvimento da Sayuri foi uma surpresa para mim, pois não imaginei que a aprofundariam tanto como fizeram ao mostrar seu conturbado passado que fundamenta sua personalidade e o motivo de gostar tanto da Mai.

Eis aí um momento que me deixou de coração apertado pela Sayuri por conta da frieza com que a Mai a tratou.

Outro ponto positivo relacionado à personagem é a sua tema, de longe uma das músicas mais memoráveis do anime. Seu ar de mistério, beleza e melancolia combina perfeitamente com a garota e me deixa arrepiado pra valer.

                             

Mas claro que a fórmula da obra também se aplica ao seu arco, ou seja, a Mai também guarda um segredo por trás dessa sua caça aos demônios. Embora tenha sido explorado de forma menos intrusiva que os das demais garotas no sentido de apenas ser abordado perto da conclusão do arco, isso não significa que sua execução tenha sido interessante. Inclusive, ao meu ver é o que estraga o arco.

Por mais que soe estranho dizer isso quando temos uma personagem que caça demônios em uma escola, o desfecho do arco é demasiadamente exagerado. Decidiram nos bombardear de informações durante o último episódio ao abordar o passado dramático da Mai, quando é mostrado que ela tem poderes de curar as pessoas e salva a sua mãe da morte, depois é perseguida pela população por considerarem isso bruxaria.


Pior ainda é aquele clichêzão que todos esperavam: a Mai também era amiga do Yuichi quando criança. Alguns podem argumentar que isso é um tema recorrente da obra, mas a Shiori não era amiga dele na infância. O arco da Mai é o que melhor explora ideias interessantes e diferentes dos demais, mas decidiram usar o artifício mais previsível da narrativa em sua conclusão e não há nada que me incomode mais em uma obra do que um desfecho fraco.


E para finalizar, a cereja do bolo na mediocridade dessa conclusão é o Deus ex machina absurdo da cena em que a Mai tenta se matar – outro acontecimento previsível – e é salva por um fragmento do seu passado que usa seus poderes para salvá-la depois de fincar uma espada no estômago. Que?? Não é dado qualquer embasamento para a aparição dessa Mai criança, é uma solução totalmente sem nexo.


ARCO DA AYU

A Ayu, dentre as meninas, é a personagem principal de Kanon. É quem narra as introduções dos episódios acerca de um sonho desconhecido, quem recebe o maior destaque na abertura e quem tem o maior screentime da série, fora o Yuichi. Contudo, o anime lida com esse detalhe de uma forma mais harmoniosa que Air, pois o protagonismo da Ayu não prejudica o desenvolvimento das outras personagens, diferente de Air em que mais da metade da série é dedicada à protagonista e as outras meninas mal são exploradas.


O arco da Ayu é o único que se estende desde o início da série, com trechos da relação dela com o Yuichi durante os misteriosos tempos de infância sendo abordados em quase cada episódio, assim como a busca pelo objeto precioso que perdera em algum lugar da cidade. É mais daquele mesmo mistério com segredinhos que se arrasta ao longo da obra e demora para chegar a algum lugar, mas o fato desses trechos serem intercalados com outros arcos ajuda a torná-los menos maçantes.

Ayu e Yuichi quando crianças.

Mas depois da conclusão dos três arcos anteriores, o foco se volta 100% ao da Ayu. Revelações chocantes da infância mostram que o Yuichi tem o poder de conceder três desejos através de um pingente que deu à menina, cujo é o objeto precioso que ela perdeu. Ela fez o uso de dois desejos em coisas mundanas, mas nunca usou o terceiro. Um dos desejos era o de transformar uma árvore enorme onde se encontravam quando criança em uma escola, embora apenas em suas imaginações.

A árvore que sempre aparece nos flashbacks.

Quando os dois finalmente voltam a essa árvore no tempo presente, ela foi cortada. Ayu se desespera, pois acreditava que ali se encontrava a sua escola de verdade. Yuichi tenta acalmá-la ao retomar a busca pelo pingente, mas já era tarde demais – a menina se despede de seu amado e desaparece diante de seus olhos.

Previsível, não me afetou nem um pouco. Ser previsível não é ruim por si só, o verdadeiro problema está no fato de que não consigo me importar com os personagens com essas histórias cheias de reviravoltas e segredinhos. Estes aspectos recebem mais desenvolvimento do que os próprios personagens.


O pior deste arco é o beijo entre a Ayu e o Yuichi no episódio 19. A menina começa a chorar do nada porque lembra de um evento em que não pode ajudar uma pessoa querida em apuros, aí o Yuichi também fica abalado ao lembrar de outro evento triste, mas depois de segundos diz "já tô bem agora", aí a Ayu pede para ele fechar os olhos e os dois se beijam. Como assim??? Absurdamente repentino, não houve preparação alguma para esse momento. Foram do 8 ao 80 em questão de segundos.


Mas o arco da Ayu não acaba com o seu desaparecimento. Sendo a protagonista, é evidente que ele se concluiria ao final do anime, junto do último arco a ser explorado.

ARCO DA NAYUKI

Depois de 20 episódios, o fato da Nayuki não ter um arco estava me incomodando, pois todas as outras tiveram, então seria esquisito se ela ficasse de fora, mas a deixaram para o final, algo que achei uma ótima decisão, pois foi com essa personagem que tudo começou e passamos o maior tempo da série assistindo a convivência do Yuichi com ela e sua mãe.


O arco da Nayuki é o mais simples deles e funciona basicamente como um gancho para a conclusão do arco da Ayu, apesar de ser o mais pesado de todos, devido ao atropelamento da mãe dela que a coloca em um estado crítico de saúde e deixa a Nayuki altamente depressiva. Esse acontecimento me pegou de jeito, pois a Akiko é a personagem mais carismática da obra, então fiquei com o coração carregado de verdade com a possibilidade dela morrer.


Seguindo à risca a fórmula e a previsibilidade do anime, é revelada a ligação da Nayuki com o Yuichi durante a infância – ela o amava quando criança. Mais sem graça que isso é impossível. Porém, um incidente fez com que ela se amargurasse com o garoto, quando levou um coelho de neve a ele e o Yuichi o derrubou no chão com tudo, sem se importar com os sentimentos dela. Mas houve um motivo para essa ação dele...


Momentos antes desse incidente, a Ayu caiu daquela árvore e morreu, diante dos olhos do Yuichi. "Ué, mas como assim?", você se pergunta. Pois é, eu também me pergunto isso, afinal, como ela morreu durante a infância se depois apareceu viva durante o presente? A situação se complica ainda mais quando a Ayu reaparece no presente depois do acidente da Akiko, onde o Yuichi mostra que achou o pingente dos desejos e pergunta a ela qual o seu terceiro desejo.


A resposta? Nenhuma, pois o episódio acaba em cliffhanger com ela dizendo "Meu terceiro desejo é...". Urgh, não existe artifício que eu odeie mais do que cliffhangers, especialmente quando vão revelar a resposta de algo que você aguarda. Mas isso acontece no penúltimo episódio, então faltava o último para resolverem o problema e responderem as perguntas... Ao menos foi o que eu pensei...

O último episódio chega e tudo está de volta ao normal. A Akiko não corre mais risco de morte, a Shiori se recuperou de sua doença e a Mai saiu do hospital antes do previsto. Todos consideram estes acontecimentos um milagre. Teria sido esse o último desejo da Ayu? Ela também está viva, mas em coma num hospital. Os médicos dizem que está lá desde que caiu da árvore quando criança. Isso me levou a pensar que tudo foi um sonho da menina, mas todos se lembram dos momentos que viveram com ela ao longo dos episódios, então não faz sentido.


No fim, o anime não revela qual foi o terceiro desejo da Ayu e como ela reapareceu viva depois de ter morrido quando criança, nem mesmo o porquê do Yuichi não se lembrar com clareza do passado. Fica aberto a interpretações, um estilo de desfecho que eu não curto. Além disso, finais felizes são legais, mas acho tosco quando tudo caminha para uma conclusão não tão agradável aos personagens e de repente transformam a vida deles em um mar de rosas sem qualquer explicação.


CONCLUSÃO

Achei que fosse difícil qualquer anime da KyoAni superar Air como o pior, mas Kanon conseguiu este feito (dos que assisti até então). Ele concerta alguns problemas do seu antecessor, mas traz novos ainda mais agravantes. Uma história repleta de drama barato e inconsistências, um elenco subdesenvolvido e um trabalho visual que não faz jus ao padrão do estúdio. Não é uma série horrível, mas é definitivamente medíocre.


-por Vinicius "vini64" Pires

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