Não é a primeira vez que me deparo com a seguinte cena, e nem por isso fico menos chocado: Em uma loja de eletrônicos qualquer, um pai (ou mãe) compra para seu filho de sete anos de idade, um jogo chamado "Assassins Creed", cujo tema é assassinatos em série. O jogo esbanja conteúdo violento e sexual. Veja bem. A criança tem sete anos de idade! Acontece que existe no rótulo do jogo uma classificação etária chamada de ESRB pelos americanos, algo como "Tabela Etária para Softwares de Entretenimento", que está ali, bem visível mais precisamente na diagonal inferior esquerda. É aquele quadradinho preto e branco com um enorme M estampado que indica que o jogo é adequado para maiores de 17 anos! Falo mais sobre essa classificação adiante.
Não é minha ideia aqui condenar os jogos deste tipo (até porque gosto muito de Assassins Creed, hehehe), mas é tentar tornar um pouco mais claro que assim como os filmes, tanto os jogos quanto os desenhos animados possuem gêneros e classificações etárias específicas. Existem animações para bebês, com conteúdo simples e suave, como existem animações eróticas com conteúdo extremamente explícito e violento. E entre esses dois extremos, há uma infinidade de gêneros e subgêneros inimaginável, cada qual, destinada a um público de idades e gostos específicos. O mesmo vale para os videogames. Enquanto num lado, temos jogos simples, que envolvem atividades como estourar balões e ver bichinhos fofos saltando, no outro lado, temos jogos em que o bom desempenho sexual do personagem é crucial para que ele prossiga na aventura. O grande mal do público brasileiro em geral, é considerar desenhos animados e videogames como "coisa de criança" e colocar todo esse tipo de mídia no mesmo patamar. Uma vez (há muuuuuuuito tempo atrás), vi uma cópia da animação "Akira" um dos desenhos animados mais violentos que eu conheço (e um dos meus favoritos também) na prateleira de uma locadora ao lado da "Pequena Sereia" e dos "Ursinhos Carinhosos".
Por isso, acredito que os pais devem ficar extremamente atentos ao fornecer esse tipo de conteúdo aos seus filhos. Há de se verificar junto à embalagem do produto, para qual faixa etária e para qual público o produto é destinado. Em caso de dúvidas, consulte o atendente ou vendedor do estabelecimento, mas evite entregar esse tipo de material para seu filho antes da hora. Tenho certeza que no momento e idades certas, ele vai curtir bastante. Esse tipo de descuidado dos pais gera um outro problema que é a criação de rótulos difamatórios para os videogames. Há uma crença de que os jogos criam pequenos psicopatas, enquanto sérias pesquisas estão provando o contrário, pois os jogos estimulam a atividade cerebral, aumentam a tolerância à frustração e podem sim, ser um grande meio de convívio social! (quem diria!) Basta que os pais assumam a sua responsabilidade de serem os "filtros" dos conteúdos que devem chegar aos seus filhos. É uma tarefa fácil? Não senhor! Como se não bastasse a insistência da criança, que todos nós sabemos o quão persuasiva ela pode ser, ainda temos o fator amigo, vizinho, primo ou colega que têm o jogo e cedo ou tarde vai acabar mostrando para seu filho (e pode ter certeza que seu filho vai adorar!). Proibir veemente, na minha opinião, só aguça a curiosidade e torna o acesso ao conteúdo mais excitante e perigoso (e por isso mesmo, muito mais desejável). Não há muito o que fazer, não conheço fórmula que resolva este problema além do bom e velho diálogo e da ciência de nós, como pais, do conteúdo que a criança irá presenciar. Converse com seu filho sobre o que ele está vendo, explique que não é adequado à idade dele, mas não proíba. Para facilitar o entendimento da tabela ESRB que é em inglês, vou destrinchá-la aqui para que vocês possam sempre consultar em caso de dúvida:
EC - Primeira Infância: Títulos classificados com EC contém conteúdo adequado para crianças de 3 anos ou mais. Não contém nenhuma espécie de material que os pais possam considerar inadequado.
E - Todos: Títulos classificados com E contém conteúdo adequado para crianças de 6 anos ou mais. Pode conter leve violência cartunesca ou fantasiosa, bem como, uso esporádico de linguajar mediano. (tipo, Ora bolas!)
E+10 - Todos acima de 10 anos: Títulos classificados com E+10 contém conteúdo adequado para crianças de 10 anos ou mais. Pode conter moderada violência cartunesca ou fantasiosa, bem como, linguajar mediano e/ou temas sugestivos (sensuais - um personagem com um decotinho mais curto já entra nessa categoria, e eu lembro de pequeno, ver o Xou da Xuxa, rsrsrs).
T - Adolescentes: Títulos classificados com T contém conteúdo adequado para pessoas maiores de 13 anos. Títulos nesta categoria podem conter violência, temas sugestivos, humor grosseiro, aparição mínima de sangue, jogatina e/ou uso pouco frequente de linguajar vulgar.
M - Maduros: Títulos classificados com M contém conteúdo adequado para pessoas maiores de 17 anos. Títulos nesta categoria podem conter violência intensa, sangue e entranhas, moderado conteúdo sexual e/ou linguagem vulgar.
Ao - Apenas Adultos: Títulos classificados com Ao contém conteúdo que deve ser jogado apenas por maiores de 18 anos. Títulos nesta categoria podem conter cenas de violência intensa e prolongada, forte conteúdo sexual e nudez.
RP - Classificação Pendente: Títulos classificados com RP, estão ainda em fase de desenvolvimento esperando a classificação definitiva da ESRB. Esse selo somente é visto em protótipos e material de divulgação do jogo (trailers, cartazes) antes de seu lançamento.
Para finalizar esse longuíssimo post, gostaria de recomendar os jogos e videogames da Nintendo. A empresa japonesa é a casa do carismático Mario e dos Pokémon, e praticamente qualquer um de seus jogos é adequado ao público infantil (mas os adultos aqui de casa não param de jogar também ;P). São de um modo geral, vibrantes, divertidos, coloridos e ainda assim, desafiadores. Vale a pena dar uma pesquisada na biblioteca de títulos que a empresa tem a oferecer. Seu console atual é o Nintendo Switch, que vem com propostas bastante criativas. Deixem os Xboxes e os Playstations para os maiorzinhos...
Abraços e obrigado pela leitura. (parabéns aos que chegaram até aqui!)
Fabiano Pandolfi