segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Goomba Reviews no Oscar


O Goomba Reviews não poderia ficar de fora da maior premiação da indústria cinematográfica, não é mesmo? É por esse motivo que dois dos nossos redatores decidiram trazer até vocês suas opiniões a respeito do Oscar 2015 e, claro, sobre o ganhador do prêmio de Melhor Filme.




A INESPERADA VIRTUDE DA AUDÁCIA
- por Vinicius “vini64” Pires

Se eu disser que sou um fã do cinema, estarei sendo pretensioso. Agora se disser que estou tentando me tornar um fã do cinema, o papo muda. E quais seriam os sintomas de que uma pessoa quer se tornar fã da sétima arte?
“N° 1 – Uma súbita vontade de assistir todos os filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme”. Claro, existem outros sintomas, mas não estou a fim de entrar nesse papo chato de filmes cult. Vamos logo ao que interessa!

Quarta-feira passada (dia 16) decidi começar a assistir todos os filmes indicados a Melhor Filme e terminei no dia da premiação, faltando apenas o Selma, que ficou de fora da minha “assistida” assim como ficou de diversas categorias. Tendo assistido a maioria, pude participar da premiação como nunca havia feito antes, onde pude torcer e saber onde cada filme teria mais chances de ganhar. E claro, ficar puto quando tal obra não ganhasse o prêmio que merecia.

Como era de se esperar, Birdman e O Grande Hotel Budapeste levaram o maior número de prêmios, com Budapeste pegando os prêmios mais técnicos e Birdman os mais importantes (não que os outros não sejam, mas essa é a denominação dada para os últimos prêmios entregues da noite). Tivemos algumas surpresas, entretanto. O fato de Whiplash – uma das maiores revelações da noite – ter ganhado Melhor Edição acabou com o “bolão” de muitas pessoas. Não acho também que muitos esperavam que o Alexandre Desplat levasse o prêmio de Melhor Trilha Sonora por Budapeste, mas aconteceu. Vamos destrinchar um pouco a premiação em tópicos então?

ROTEIRO

Começarei falando sobre algo que nós aqui do Goomba Reviews praticamos – a escrita. O Melhor Filme trata de um ator famoso por estrelar em filmes de super-herói na década de 90 que só é conhecido por esse papel. Agora ele deseja reatar sua carreira e mostrar que sabe fazer algo além de vestir uma fantasia de pássaro e atuar no meio de explosões. Sabe que isso me lembra o Stallone? Na realidade, diversos atores passam por isso, tentando escapar daquilo que chamam na indústria cinematográfica de typecasting. Birdman nos mostra também como o ego é praticamente o fator que mais move essa indústria através de diálogos excepcionais, especialmente aqueles atribuídos ao Michael Keaton e ao Edward Norton (em uma das melhores atuações de sua vida). O prêmio de Melhor Roteiro Original não poderia estar em melhores mãos.

"I'm Birdman!"

O Oscar de Melhor Roteiro Adaptado foi para O Jogo da Imitação, assim como previ. Esse filme precisa levar um prêmio para casa e este com certeza foi o mais apto. A memória de Alan Turing será conservada da melhor maneira possível com essa obra que celebra a vida desse cara que foi de suma importância para o mundo, criando máquinas que puderam decodificar mensagens alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Isso salvou a vida de incontáveis britânicos e diminuiu esse conflito desumano por dois anos, além de ter sido o advento da computação. Além disso, mensagens para que cada pessoa reconheça seu diferencial e procure ser único - assim como o roteirista expôs em seu discurso de aceitação do Oscar - é o que não falta. Isso sem contar a atuação colossal de Benedict Cumberbatch, um dos melhores atores dessa geração, que merecia o prêmio de Melhor Ator tanto quanto o Eddie Redmayne.

"Você sabe por que as pessoas gostam da violência? Porque ela os faz se sentirem bem. Os humanos acham a violência prazerosa. Mas se você remover essa sensação, o ato se torna...vazio."

Falando sobre os filmes que não levaram nessas categorias, Boyhood não merecia, diferente do que muitos diziam. Sabe, eu não sou o maior entusiasta da adolescência e acho que o filme perde muita qualidade quando chega nessa parte. O menino tenta se achar o diferentão do restante, mas na realidade age como todos eles. Nem preciso falar nada da irmã dele, que é como qualquer fã dessas ídolos teens. A atriz também não ajuda, atuando pior que o Anakin da prequel do Star Wars. Acho que o roteiro foi muito para o lado clichê da adolescência, explorando menos o lado parental como na parte da infância. Isso já era de se esperar em um filme que decide tratar esse período da vida, mas podia ter se esforçado um pouco mais para se destacar.

Dunga: "Lorelei Linklater? Heh, atou mal pra caralho".

Fora essa crônica que cobre a infância e a juventude, tivemos também uma propaganda militar americana vangloriando um cara que matou 160 pessoas em uma guerra sem propósito, a história de como um jovem árabe herdou um imenso hotel após uma surreal aventura com um concierge cheia de conspirações, a vida de Stephen Hawking e sua mulher, e o esforço de um garoto que quer se tornar um grande baterista, mas que é torturado psicologicamente (e fisicamente) pelo seu professor. É, tivemos ótimos roteiros, este último sendo de um filme tão surpreendente que falarei mais a fundo dele no tópico O SOM DA BATERIA.

DIREÇÃO E FOTOGRAFIA

Como o título do presente artigo implica, os concorrentes desse ano foram marcados por ideias e produções bem audaciosas, duas delas mais do que qualquer outra. Boyhood é uma delas. Um filme que ficou doze anos em produção em um projeto que só se manteve em pé durante todo esse tempo por causa da enorme dedicação do diretor Richard Linklater para com sua criação. Não há duvidas de que esse foi um trabalho sem igual – não é qualquer um que consegue mostrar a passagem da infância para a juventude usando os mesmos atores e mostrando uma passagem do tempo tão convincente. Esse aspecto a torna uma obra que te faz se sentir bem assistindo. Se Linklater tivesse ganhado o Oscar de Melhor Diretor no lugar de Iñárritu, seria muito merecido, afinal não é qualquer um que tem a audácia de fazer um trabalho desses.

As times passes by...

Contudo, tão audacioso quanto Linklater e mais merecedor do prêmio de direção é Alejandro Gonzáles Iñárritu. Se o diretor de Boyhood queria simular a passagem do tempo de uma maneira mais natural gravando em um grande período de anos, Iñárritu quis simular a vida de um ator sem pausas através de uma abordagem na qual o filme simularia um único take. Cara, isso deve dar tanto trabalho quanto ficar gravando durante doze anos e foi executado de uma maneira magistral. Não importava qual fosse o ângulo da cena, os obstáculos em direção da câmera – ela continuava mantendo a impressão de um único take. Para mim isso foi espetacular, uma abordagem de filmagem nunca vista antes, o diretor não tinha no que se basear. O Oscar de Melhor Diretor não poderia estar em melhores mãos.

O backstage da vida.

Gostaria também de fazer uma menção honrosa para O Grande Hotel Budapeste, que não ficaria decepcionado caso Wes Anderson levasse o prêmio. Se não fosse o Birdman, tanto Direção quanto Fotografia seriam desse filme. Nele vemos enquadramentos de dar inveja e uma enorme quantidade de takes meticulosamente organizados pela equipe de edição que fez um trabalho excepcional (tanto que acho que merecia o prêmio de Melhor Edição). A fotografia dessa obra nos mostra os mais diversos planos das mais diversas maneiras, seja visão de cima, de baixo, câmera parada, em movimento, maquetes simulando construções e veículos, 4:3, 16:9, angulações inconvencionais e etc etc etc etc. 

Acho que o nome do filme deveria ser O Grandioso Hotel Budapeste.

O SOM DA BATERIA

Uma das maiores revelações deste ano foi o filme Whiplash. Fui assisti-lo sem muitas expectativas, só esperando a atuação do J.K. Simmons que todos estavam falando. Porém, na resolução das coisas, recebi muito mais do que isso. A obra conta a história de um garoto que ingressa em uma das melhores escolas de música dos Estados Unidos, visando se tornar um ótimo baterista, mas lá seu professor será Terence Fletcher, um cara extremamente durão que bota medo nele e em nós já em seus primeiros segundos de tela. Fletcher usa de todos os meios possíveis para fazer com que a música saia do jeito que ele quer, seja gritando que nem um maníaco, dando tapas no rosto do aluno, fazendo-o tocar a bateria tão rápido ao ponto de fazer sua mão sangrar e até mesmo atacando uma cadeira contra o indivíduo. Maior parte da magnificência de Whiplash se deve a essa atuação colossal de Simmons, com essa figura imponente que te faz ficar apreensivo com o que vai acontecer, se o garoto vai errar o ritmo da bateria ou algo do gênero, pois te vem aquele medo de qual será a reação do personagem dele. Em minha opinião, este é o filme mais envolvente dos que concorreram a Melhor Filme.

"VOCÊ ESTÁ CORRENDO OU ATRASANDO, NEIMAN??"

Mas não é só Whiplash que é guiado pelo som da bateria, afinal, nele temos uma grande variedade de instrumentos. O filme que realmente é guiado por batuques e baquetas é Birdman. Você por acaso já assistiu a um filme cuja trilha sonora original é feita usando somente a bateria? Se alguém te dissesse que existe um filme assim sem tê-lo assistido você não acharia que não daria certo? Como transmitir emoções usando somente uma bateria? Pois é, essa é “A Inesperada Virtude da Audácia” – mais uma abordagem nunca vista antes que o diretor decidiu tomar, sem ter no que se basear, sem saber se daria certo. Devo dizer que é uma das trilhas mais intrigantes que já ouvi, implementada de uma maneira magnífica, ao ponto do próprio compositor fazer cameos tocando bateria no teatro onde o filme se passa. Lamentavelmente, a Academia escolheu por não deixá-la concorrer à Melhor Trilha Sonora Original, alegando que a maior parte das composições encontradas no filme eram músicas clássicas, sendo que foi comprovado o contrário logo após isso. Apesar dessa controvérsia, esse aspecto contribuiu para o ápice da premiação de ontem, onde o apresentador Neil Patrick Harris fez uma imitação da icônica cena onde o Thomson prende o roupão na porta dos fundos do teatro e é obrigado a andar só de cueca pela Times Square. Neste momento, eles simulam a trilha do filme e Neil encontra o garoto que interpretou o protagonista em Whiplash, tocando, é claro, bateria. Uma homenagem digna para os dois melhores filmes dessa premiação.

PRO INFERNO COM ANIMAÇÕES!

Quem conhece o meu trabalho aqui no Goomba sabe que eu não poderia deixar de abordar este tópico. A categoria de Melhor Animação já começou com a maior esnobada da premiação – a omissão de Uma Aventura Lego nos indicados. Sinceramente, isso me indigna amargamente até agora. O filme é deliciosamente gostoso de assistir, bem engraçado, meticulosamente animado, com detalhes até nas menores feições de cada peça de Lego, e o melhor de tudo, com uma mensagem bem profunda e inspiradora, algo bem difícil de se encontrar em uma animação feita somente para lucrar. Eu discordo dessa visão quanto a este filme da maioria das pessoas. Diferente de diversas animações 3D, Uma Aventura Lego tem uma alma, uma mensagem a passar, um propósito além de lucrar, e foi isso que o fez ter sido A animação mais aclamada do ano passado. Nada justifica sua omissão na categoria.

"Deixa que eu acabo com esses viados da Academia, Emmet! 'Cause I'M BATMAN!"

Com esse filme injustamente fora da reta, não tinha mais para quem torcer além de O Conto da Princesa Kaguya, animação que sempre foi a minha preferência para ganhar desde que anunciaram os indicados, afinal, todos sabem que sou um enorme fã do trabalho do Studio Ghibli e do Isao Takahata. A maioria das pessoas acha que o estúdio se resume ao Hayao Miyazaki, mas se não fosse pelo Takahata, não teríamos essas animações que inspiram e mudam as vidas das pessoas para melhor. Talvez esse prêmio ajudasse o diretor a se tornar mais conhecido, a ter seu trabalho de anos finalmente valorizado, mas todas essas esperanças foram ralo à baixo quando eu ouvi “And the Oscar goes to... Big Hero 6!”. Me desculpem o palavreado, mas VÁ A MERDA. Com isso a Academia só mostrou mais uma vez que está cagando para essa categoria. Eles simplesmente votam naquela que é mais conhecidinha e lucrativa. E eu não falo isso sem fundamento, existem artigos que comprovam minha teoria.

Membros da Academia: "Arte de verdade em animação? HAHAHAH"

Citando o que li em um artigo: "É claro que O Conto de Princesa Kaguya está nos indicados unicamente pelos seus próprios méritos artísticos e se isso for o interesse dos membros da Academia, como deveria ser em um mundo perfeito, então eles esperançosamente chegarão à mesma conclusão que nós aqui no site e o darão o prêmio que merece tão ricamente". Infelizmente esse está longe de ser o pensamento da Academia. Animação para eles ou é inexistente, ou é algo feito com o único propósito de ser bobo e entreter crianças. Lamentavelmente só fui perceber isso após a premiação de ontem, mas agora já ficarei preparado para as próximas premiações e me expurgarei de qualquer expectativa quanto a essa categoria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final das contas, os resultados foram satisfatórios, fora, claro, a lástima que foi Melhor Animação. A apresentação de Neil Patrick Harris também deixou a desejar, tentando ser um “engraçaralho”, mas se restringiu apenas às mesmas piadas sem graça. Nem ele acreditava que tava sendo engraçado. E para quem gosta de “beta elements”, saibam que este artigo teria um tópico chamado BARRADOS NO BAILE, onde eu abordaria as esnobadas dessa premiação, mas acabei falando delas nos tópicos anteriores, restando apenas uma, a esnobada suprema – Ralph Fiennes não estar concorrendo a Melhor Ator por O Grande Hotel Budapeste. Sinceramente, não vou falar muito sobre isso. Quem assistiu ao filme sabe que essa é a atuação da vida dele, quem não assistiu assista agora e verá que isso é um fato. E isso é tudo, pessoal!

                    
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O BIRDMAN VOOU, MAS A ACADEMIA CAIU
- por Jordan "Granatto" Nugem


Ontem, dia vinte e dois de Fevereiro, marcou a noite mais importante do ano para o cinema. A entrega dos Academy Awards (ou Oscars, se preferir).

Como em todos os anos, este autor como um bom cinéfilo, comprou alguns Doritos antecipadamente (gordices) e preparou-se para assistir a premiação na TNT (com aquela narração horrível).

Não me estenderei muito. Dividirei minha opinião sobre a premiação em dois tópicos simples: O bom e o ruim.

Vamos começar com a parte boa da premiação.

O QUE FOI BOM


O que fazer quando milhares pessoas ao redor do globo, todas apaixonadas por cinema, estão aguardando ansiosamente a entrega dos prêmios? Começar a apresentação com uma linda homenagem ao cinema! Sim, o apresentador da vez Neil Patrick Harris não fez feio na introdução da cerimônia. Não lembro de ter assistido um musical tão lindo e divertido como o proposto pelo apresentador em nenhuma edição anterior do Oscar. Só estragou um pouco quando o Jack Black apareceu para cantar, mas ele ficou por pouco tempo. Bom para nós! 
Eu nem sei porque acabo de comentar isso. As pessoas odeiam tanto este ator que acho que fazer piadas com ele será válido.


Logo após a esta bela abertura, uma agradável e muito merecida notícia: J.K Simmons leva o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante! O ator já havia me impressionado muito na trilogia do Homem Aranha (não aquele espetacular lixo aranha, o antigo) e me surpreendeu ainda mais com sua atuação em Whiplash. Que atuação! Não consigo imaginar o filme sem a voz forte, cínica e debochada de Simmons. Merecido, a noite começava bem.

Parker, está despedido!

E os prêmios que seguiram foram só alegria para mim. O Grande Hotel Budapeste levou a maioria dos prêmios técnicos. A minha adorada Patricia Arquette levou o seu tão merecido prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante em Boyhood. Ela já havia mostrado sinais de seu potencial muito antes de Boyhood, na série Medium. Ela ainda fez bonito discursando pelos direitos das mulheres. Não consegui assistir nenhum dos documentários, curtas live action ou curtas documentários, mas gostei dos vencedores. Provavelmente gostei porque chutei certo em um bolão do Oscar.

Agora você vai ver o que eu vejo: Vuuush!

Após algumas piadas divertidas, o apresentador surpreendeu a todos com sua homenagem ao filme Birdman e apareceu peladão no palco em um dos momentos mais divertidos da noite.

Birdman, por sinal, foi o grande vencedor da noite, levando para casa os prêmios de Melhor Roteiro, Diretor, Cinematografia e Melhor Filme! Merecido? Em minha opinião, sim. O seu grande concorrente, Boyhood, nem era tão grande assim. Eu entendo toda a inovação e comprometimento envolvido nos 12 anos de filmagem do filme, mas isso não é o bastante. Eu poderia passar 12 anos filmando o crescimento de uma árvore. Seria trabalhoso? Sim, um pouco. Eu merecia prêmios por isso? Creio que não. Ao fim, o que vale é o conjunto da obra. Boyhood é um bom filme, mas o roteiro da alguns deslizes no decorrer do filme. A história é muito simples. Birdman foi filmado não de maneira inovadora, mas audaciosa. Filmar um longa inteiramente em plano sequência não deve ter sido uma tarefa muito fácil, além disso, tudo no filme funciona. O roteiro é excepcional, as atuações são excelentes e a trilha sonora é corajosa. Tudo se encaixa.

Birdman no trono

Eddie Redmayne foi ao palco e, para a surpresa de todos, ele anda e fala perfeitamente sem o auxílio de um computador. A atuação de Redmayne em A Teoria de Tudo foi impressionante. Tocante, magnifica. Ponto para a Academia na escolha de Melhor Ator.

Não assisti o filme que concedeu a Julianne Moore seu prêmio de Melhor Atriz, mas acredito que ela tenha merecido, afinal, ela é ruiva (Mimimi, machista, vai se foder!).

O meu favorito do ano, Interstellar, ganhou o seu tão merecido prêmio de efeitos especiais. Afinal, não deve ter sido nada fácil representar teorias puramente matemáticas visualmente na tela e, melhor ainda, fazer tudo parecer maravilhoso, de tirar o fôlego.

Que lindeza de buraco negro!

Ao fim, foi uma premiação complicada em um ano ainda mais complicado. Todos os filmes que estavam concorrendo a Melhor Filme eram excelentes do seu próprio jeitinho, se posso por assim dizer. Conhecemos a incrível história de um hotel maravilhoso. Acompanhamos o crescimento de uma criança diferente. Visitamos os bastidores da vida de um grande ator vivendo na lama. Suspiramos com a história de um jovem baterista e seu professor nada convencional. Ganhamos uma guerra mundial apenas com a matemática. Perdemos a sanidade mental com uma guerra terrível. E, no final, tivemos um sonho que um dia seriamos todos irmãos.
2014, um ano que será lembrado por suas belas mensagens na telona que tanto amamos.

Agora, vamos para a parte não tão bonita assim.

O QUE NÃO FOI BOM

Chegamos na parte problemática da Academia de Cinema que, mesmo após anos de críticas e reclamações até mesmo do meio artístico, continua a agir da mesma maneira. Com pensamentos lentos. E velhos. Iguais. A este. Paragrafo.
Poxa vida, Academia! Operação Big Hero 6 levando o prêmio de melhor animação? Vai se foder! Feast levando melhor curta de animação? PUTA MERDA! Sabe o que faltou? O Oscar ter as orelhas do Mickey!

Eu estou realmente chateado e muito puto pelo fato dessas duas obras terem levado o prêmio para casa. “Mas Jordan, essas duas animações são tão lindas e legais! Você tem problemas mentais?” Problemas mentais? Talvez, mas com concorrentes tão mais capazes na disputa do prêmio, me parece preguiça e comodismo da Academia entregar o prêmio à Disney. Me parece que as pessoas que votam para a entrega do prêmio não estão nem aí para essa categoria. Sabe o porquê? Porque eu sei exatamente como essas pessoas pensam. Elas pensam que animações não passam de alguns minutos de aventuras coloridas e bonitinhas para seus filhos sentarem a bunda na poltrona do cinema e pararem de encher o saco por algumas horas! E não, animação não é nada disso! A Academia e seus membros precisam entender que animação e live action caminham de mãos dadas, porém são diferentes. É como um idoso e uma criança caminhando juntos em um parque. Eles enxergam as mesmas coisas, mas se perguntados mais tarde, descreveram o mesmo lugar de maneiras diferentes. Animação é arte. Animação é filme, é cinema. A única diferença entre Birdman e Toy Story, é a forma de arte usada para contar a sua história. Alguns optam por animação, outros por câmeras, mas o processo é o mesmo! Uma animação precisa de um roteiro, atores e toda a equipe (as vezes até mais!) necessária para montar um filme! Entregar o prêmio para Operação Big Hero 6 é como entregar o Oscar de melhor filme para Os Vingadores. Nenhum dos dois é ruim, mas você está levando em conta a bilheteria, a fama e o comodismo de deixar todos alegres na entrega do prêmio e não a qualidade da obra!

Feast era o curta animado mais pobre entre todos os concorrentes em termos de roteiro. O que garantiu a sua vitória? O nome. A Disney. Não o seu roteiro, não a sua história. Infelizmente, ainda em 2015, essa forma de arte é vista por muitos apenas como algo bobo para crianças. Mal sabem essas pessoas o quanto estão erradas. Pior ainda: mal sabem elas o quanto estão perdendo.

Foto vazada do Oscar 2016

Outro tópico: Trilha sonora.
O Grande Hotel Budapeste tem inúmeras qualidades, mas a trilha sonora não é uma delas. Alexandre Desplat estava concorrendo duas vezes na categoria de melhor trilha sonora. Uma por o jogo da imitação e outra pelo Grande Hotel Budapeste. Em minha opinião, ele não merecia o prêmio em nenhuma das duas, mas acabou levando na trilha sonora mais fraca. Não enxergo a lógica nessa categoria. Hans Zimmer inovou, e não foi pouco, com a trilha sonora de Interstellar. Por quê o prêmio não está com ele? Mistérios do Oscar!

Outra coisa que não posso deixar de comentar foi o desempenho de Neil Patrick Harris pós piada do Birdman. O resto de sua apresentação foi um saco! A piada final do envelope, que deveria ser o ponto alto de sua apresentação, não teve a mínima graça. No geral, minhas reclamações são essas.

Espero que algum dia, a academia comece a dar o devido respeito que as animações tanto merecem. Se nem mesmo a maior autoridade do cinema reconhece o valor dessa forma de arte, como as outras tantas pessoas no mundo irão respeitar? Torço por um futuro com mais Contos de Princesas Kaguyas e menos Cinquenta Tons de Lixo Cinza.
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