E a temporada de filmes indicados ao Oscar começou! Nós aqui do Goomba Reviews tentaremos assistir o máximo possível de filmes "pré-oscarizados" para discutir com vocês nossas impressões sobre estas obras. E lá vamos nós então!
Anomalisa é um filme de animação realizado em stop-motion, aquela técnica de posar e fotografar, extremamente cansativa e demorada, mas que deixa sempre um resultado lindo visualmente. Mas acreditem, é um saco de fazer! Enfim, voltando...
Charlie Kaufman, conhecido por sucessos nas crítica como “O brilho eterno de uma mente sem lembranças” e “Pequena Miss Sunshine” é quem assina a direção e o roteiro, ao lado de Duke Johnson (mestre em stop-motion).
Charlie Kaufman, conhecido por sucessos nas crítica como “O brilho eterno de uma mente sem lembranças” e “Pequena Miss Sunshine” é quem assina a direção e o roteiro, ao lado de Duke Johnson (mestre em stop-motion).
O filme conta a história de Michael Stone, um palestrante
motivacional de meia-idade perdido em meio à confusão que chamamos de vida (ou
sociedade).
Complexo e mais humano do que a maioria dos filmes lançados este ano, Anomalisa é uma obra rara no cinema moderno. A animação é realizada com maestria, acredito que isso aconteça pela presença de Johnson na direção, afinal, o cara é um mito no stop-motion. Cada boneco usado no filme tem uma infinidade de detalhes em sua construção. Cabelos que se parecem reais, olhos com brilho e profundidade e até mesmo uma piroca! (Falaremos sobre isso mais adiante na análise) fazem com que, em certos momentos, a animação pareça um live-action (filmado com atores reais). Essa sensação some quando notamos uma pequena separação entre o rosto e a cabeça de todos os personagens. Falta de dinheiro/tempo? Não, essa “deformidade” tem um enorme significado dentro do roteiro proposto pelo filme. É claro que isso vai da interpretação de cada um.
Anomalisa conta com diálogos realistas, complexos e divertidos, ou seja, assinatura de Kaufman.
Pausa para um pensamento:
As vezes vivemos sem nos dar conta do que nos cerca de verdade, nosso conceito de sociedade está tão implícito em nossas mentes que acabamos simplesmente seguindo nossas vidas “no modo automático” sem nos questionar sobre todas essas estranhezas que nos assombram a todo momento.
Anomalisa trata exatamente sobre isso: As estranhezas da vida que criamos em sociedade. Todo esse conceito faz com que Michael Stone, nosso querido palestrante piroquinha, perca-se emocionalmente e psicologicamente em si mesmo. Os personagens do filme seguem o mesmo tom humano presente em Stone, até mesmo o taxista é notavelmente problemático, tanto quanto qualquer um de nós. Essa é a parte que mais me cativou durante o tempo em que passei assistindo Anomalisa: A facilidade que o roteiro tem para transformar bonecos de plástico (ou seriam de cera?) em coisas tão profundas que beiram o realismo. Não pela sua aparência realista, mas sim pelo o que são como personagens.
Em momentos de epifania, puro surrealismo ou sonhos (você decide), o personagem busca em si a resposta para o existencialismo que lhe aflige, acima de tudo, sobre o amor que não compreende. Stone, assim como muitos, se perde em meio ao que conhecemos como amor e o confunde a todo momento. O filme lida muito com o amor, mas evitarei falar muito sobre isso para não dar muitos spoilers. A animação conta com um humor bastante presente e interessante, mas bastante adulto, e aqui entra a minha única crítica negativa em relação ao filme: O “quero ser adulto”.
Quando contei um pouco sobre o filme algumas linhas atrás, deu para notar que o filme é um tanto complexo, certo? Que os personagens lidam com problemas bastante adultos, coisas que a maioria das crianças ainda não parou para se questionar, correto? Pois então, qual a necessidade de tentar se provar tão adulto o tempo inteiro? Talvez eu esteja sendo um pouco chato, mas algumas coisas que acontecem no filme me pareceram existir pelo simples fato da animação querer distorcer a visão errônea que se tem de animações, em outras palavras: Que são todas para crianças. Bato na tecla novamente de que só a história de Anomalisa como um todo já é bastante adulta, ou seja, na minha opinião, a cena de sexo (bastante longa) não precisaria existir para que o filme se mantivesse como adulto. Nem mesmo a piroca do cara precisaria aparecer! A impressão que tive sobre esse conteúdo “adulto visualmente” foi de que eles só existem para elevar a classificação etária do filme. Pode ser que não, mas me pareceu que sim. Acredito que todas estas cenas poderiam ser realizadas de maneira mais sútil. Falando em sutileza, a direção e fotografia filme são exatamente isso: Bastante sutis. Isso é ruim? De maneira nenhuma! É fantástico! Algumas cenas brincam com o conceito de continuidade que temos implícitos (o filme lida bastante com implicatividade) e faz com que um sorriso surja no rosto do espectador.
Deixando o pinto de Stone de lado, Anomalisa é um suspiro de ar fresco no cinema de hoje. Poucos filmes realmente tentam sair da zona do que é visto como “seguro” em Hollywood. Geralmente estes filmes não acabam muito bem, o que não é o caso de Anomalisa. Com uma animação impecável, um roteiro de uma complexidade e humanismo quase incomparável, este filme é um sorriso cheio de dentes para aqueles que anseiam por questões introspectivas e um tanto filosóficas no cinema. Eu concederia a nota máxima ao filme, se não fosse o ponto negativo que citei anteriormente, ainda assim, considero uma nota de honra. Anomalisa é uma anomalia fantástica do cinema!
Complexo e mais humano do que a maioria dos filmes lançados este ano, Anomalisa é uma obra rara no cinema moderno. A animação é realizada com maestria, acredito que isso aconteça pela presença de Johnson na direção, afinal, o cara é um mito no stop-motion. Cada boneco usado no filme tem uma infinidade de detalhes em sua construção. Cabelos que se parecem reais, olhos com brilho e profundidade e até mesmo uma piroca! (Falaremos sobre isso mais adiante na análise) fazem com que, em certos momentos, a animação pareça um live-action (filmado com atores reais). Essa sensação some quando notamos uma pequena separação entre o rosto e a cabeça de todos os personagens. Falta de dinheiro/tempo? Não, essa “deformidade” tem um enorme significado dentro do roteiro proposto pelo filme. É claro que isso vai da interpretação de cada um.
Anomalisa conta com diálogos realistas, complexos e divertidos, ou seja, assinatura de Kaufman.
Pausa para um pensamento:
As vezes vivemos sem nos dar conta do que nos cerca de verdade, nosso conceito de sociedade está tão implícito em nossas mentes que acabamos simplesmente seguindo nossas vidas “no modo automático” sem nos questionar sobre todas essas estranhezas que nos assombram a todo momento.
Anomalisa trata exatamente sobre isso: As estranhezas da vida que criamos em sociedade. Todo esse conceito faz com que Michael Stone, nosso querido palestrante piroquinha, perca-se emocionalmente e psicologicamente em si mesmo. Os personagens do filme seguem o mesmo tom humano presente em Stone, até mesmo o taxista é notavelmente problemático, tanto quanto qualquer um de nós. Essa é a parte que mais me cativou durante o tempo em que passei assistindo Anomalisa: A facilidade que o roteiro tem para transformar bonecos de plástico (ou seriam de cera?) em coisas tão profundas que beiram o realismo. Não pela sua aparência realista, mas sim pelo o que são como personagens.
Em momentos de epifania, puro surrealismo ou sonhos (você decide), o personagem busca em si a resposta para o existencialismo que lhe aflige, acima de tudo, sobre o amor que não compreende. Stone, assim como muitos, se perde em meio ao que conhecemos como amor e o confunde a todo momento. O filme lida muito com o amor, mas evitarei falar muito sobre isso para não dar muitos spoilers. A animação conta com um humor bastante presente e interessante, mas bastante adulto, e aqui entra a minha única crítica negativa em relação ao filme: O “quero ser adulto”.
Quando contei um pouco sobre o filme algumas linhas atrás, deu para notar que o filme é um tanto complexo, certo? Que os personagens lidam com problemas bastante adultos, coisas que a maioria das crianças ainda não parou para se questionar, correto? Pois então, qual a necessidade de tentar se provar tão adulto o tempo inteiro? Talvez eu esteja sendo um pouco chato, mas algumas coisas que acontecem no filme me pareceram existir pelo simples fato da animação querer distorcer a visão errônea que se tem de animações, em outras palavras: Que são todas para crianças. Bato na tecla novamente de que só a história de Anomalisa como um todo já é bastante adulta, ou seja, na minha opinião, a cena de sexo (bastante longa) não precisaria existir para que o filme se mantivesse como adulto. Nem mesmo a piroca do cara precisaria aparecer! A impressão que tive sobre esse conteúdo “adulto visualmente” foi de que eles só existem para elevar a classificação etária do filme. Pode ser que não, mas me pareceu que sim. Acredito que todas estas cenas poderiam ser realizadas de maneira mais sútil. Falando em sutileza, a direção e fotografia filme são exatamente isso: Bastante sutis. Isso é ruim? De maneira nenhuma! É fantástico! Algumas cenas brincam com o conceito de continuidade que temos implícitos (o filme lida bastante com implicatividade) e faz com que um sorriso surja no rosto do espectador.
Deixando o pinto de Stone de lado, Anomalisa é um suspiro de ar fresco no cinema de hoje. Poucos filmes realmente tentam sair da zona do que é visto como “seguro” em Hollywood. Geralmente estes filmes não acabam muito bem, o que não é o caso de Anomalisa. Com uma animação impecável, um roteiro de uma complexidade e humanismo quase incomparável, este filme é um sorriso cheio de dentes para aqueles que anseiam por questões introspectivas e um tanto filosóficas no cinema. Eu concederia a nota máxima ao filme, se não fosse o ponto negativo que citei anteriormente, ainda assim, considero uma nota de honra. Anomalisa é uma anomalia fantástica do cinema!