sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Meu Vizinho Totoro

É isso aí pessoal, depois de uma pausa de três anos, o Goomba Reviews finalmente ressurge! E não há nada melhor do que voltar a ativa com um review de um grande clássico da animação japonesa, considerada uma das melhores animações já feitas.



Meu Vizinho Totoro (também conhecido no Brasil como Meu Amigo Totoro) é uma animação japonesa escrita e dirigida pelo grande Hayao Miyazaki e produzida pelo Studio Ghibli, mundialmente conhecido por animações de alto calibre como A Viagem de Chihiro e Túmulo dos Vagalumes. Lançado em 1988, o filme foi um grande sucesso na época e continua a encantar audiências até os dias de hoje, sendo uma das obras mais conhecidas de Miyazaki.

O filme conta a história de duas garotinhas, Satsuki e Mei, que se mudam com seu pai para uma área rural do Japão para ficarem mais perto do hospital onde sua mãe está internada. Assim como para qualquer criança, a nova casa e todas as suas redondezas são como um novo mundo para as duas irmãs, o que as leva a explorar tudo e qualquer canto dos locais.


PERSONAGENS

Satsuki é a irmã mais velha, que deve ter cerca de 10 ou 11 anos. Como sua mãe está hospitalizada e seu pai muitas vezes está estudando fora, cabe a ela se responsabilizar pela irmãzinha mais nova Mei, que tem cerca de 4 ou 5 anos. Apesar da diferença de idade entre as duas, elas se divertem juntas mais do que qualquer criança numa piscina de bolinhas. Satsuki serve como uma inspiração para Mei, que a segue e repete qualquer movimento que ela faça. Dar cambalhotas pela casa nova? Confere. Ficar pisando em uma toalha molhada sem parar? Confere. Gritar para espíritos que habitam casas abandonadas? Mas é claro que confere. Mei a imita em absolutamente tudo. E é essa incansável energia dela que é seu diferencial: ela não fica quieta por um segundo! A Satsuki ainda fica quietinha diante de visitas, quando está ajudando seu pai ou preparando a comida, mas a Mei é como aqueles bonecos de dar corda que não param nunca de se mexer. Ela caça espíritos de fantasmas, vai atrás de nozes, corre atrás de pequenos bixinhos peludos e até escala raízes de árvores.


Mas temos que agradecer a essa pequena garotinha por ser dessa maneira, pois caso contrário não conheceríamos o famoso mascote do Studio Ghibli. Após cair dentro de um buraco por causa da sua curiosidade incessante, Mei aterrissa em algo fofo e peludo. É ai que temos nosso primeiro contato com o carismático Totoro. É certo que você já ouviu esse nome em algum lugar. Para nós de hoje em dia, a primeira impressão que temos sobre o Totoro é que ele é tipo um Snorlax peludo, afinal só o que ele aparenta fazer é dormir e bocejar - nada que faça a Mei deixar de se apaixonar pelo bixano.

Porém logo chega a cena do ponto de ônibus. Satsuki está com sua irmã nas costas embaixo de muita chuva esperando a chegada de seu pai. No meio do silêncio e da preocupação da garota, ela vê algo se aproximando ao seu lado. A reação dela é a mesma que a nossa: "Totoro!", só que dessa vez o sorriso maior não foi o dela, e sim o nosso. Tem como não abrir um sorrisão na cara ao ver aquele bixo gigantão com uma expressão de "UÉ" no rosto, se protegendo da chuva com uma folha de árvore enquanto a mesma escorre gotas d'água em seu nariz? E quando ele começa a sentir felicidade ao ouvir uma gota d'água caindo em seu guarda-chuva - agora um de verdade, dado pela doce Satsuki -, como se fosse um bebê que acaba de descobrir a funcionalidade de um objeto? A alegria que nos domina ao ver essa cena é tão grande quanto a que Totoro sente com o som dos pingos d'água.


Como se já não bastasse de fofura e carisma nesse filme, o Totoro também tem seus amigos. Tem o Totoro pequeno azul e o Totoro minúsculo branco, que não se sabe ao certo o que eles são do Totorão, mas eles sempre tão andando por aí, pegando nozes e fugindo de garotinhas travessas; têm os susuwataris, bolinhas pretas com olhões que na verdade são espíritos que habitam casas abandonadas e que também fogem de garotinhas travessas e risonhas; e por último, mas não menos importante, temos outro marco icônico dessa animação - o Catbus. O nome já diz: é um gato com formato de busão, com direito a lanternas fronteiras e traseiras e a assentos feitos do mais puro pelo de felino (alérgicos, eu sinto por vocês). E sabe o que é a melhor coisa do Gatobus? Ele não foge de garotinhas travessas. Muito pelo contrário, ele as ajuda no momento de maior desespero.

Impossível não simpatizar com personagens tão carismáticos.


O FILME

Antes de assistir ao filme, abra a sua mente. Saiba que você não assistirá algo cheio de ação, cenas de tirar o fôlego, reviravoltas e coisas do tipo. Mas ainda assim se prepare, pois você embarcará num passeio e tanto.

Apesar do filme não ser narrado, tudo o que acontece em Totoro é visto do ponto de vista de uma criança. A vovó vizinha nos explica isso logo no começo do filme ao dizer que ela também conseguia ver os espíritos das casas abandonadas quando era pequena, coisa que apenas Satsuki e Mei parecem conseguir ver em seu novo lar. Mas essa não é a única coisa que só elas conseguiam enxergar: elas viam o mundo de uma maneira diferente. Pequenos bixos que coletam nozes, um ônibus gato, buracos aparentemente não existentes em árvores, entre diversas outras coisas eram algo que apenas elas conseguiam ver. Seria tudo isso fruto da imaginação delas? Uma árvore gigante ter brotado e um estupendo passeio pelos céus à luz do luar junto de um guardião da floresta felpudo realmente pode acontecer? Sim. Esse é o mundo delas. Não tem o que prove que aquilo não aconteceu. E é esse mundo tão vívido e mágico dessas duas irmãs carismáticas que nos envolta com uma sensação de conforto e alegria. Lembra do passeio que eu falei logo ali? Pois é, a criança escondida dentro de você volta a se manifestar ao assistir essa animação. É como se estivéssemos a bordo de um Catbus.


Outro aspecto muito presente é o laço familiar apresentado no filme. A relação das duas irmãs é algo lindo de se ver, especialmente quando se vive em um tempo onde é raríssimo ver algo tão verdadeiro desse tipo. É muito evidente o esforço que o pai delas está tentando fazer para que ele consiga dar o maior conforto possível para as suas filhas, especialmente durante a ausência da mãe delas. E falando nela, temos a preocupação de Satsuki e Mei quanto à saúde de sua querida mãe. É de chegar a apertar o coração quando vemos a reação das garotas ao descobrirem que algo aconteceu com a sua mãe no hospital. Você consegue sentir o desespero de Satsuki e a não-aceitação de Mei ao saber que sua mãe não voltará para casa para dormir com ela.

Certas fontes apontam que Totoro é como uma espécie de autobiografia do diretor Hayao Miyazaki, pois ele teve que se mudar para um lugar o qual ele não tinha o menor conhecimento quando tinha mais ou menos a idade da Satsuki e sua mãe esteve internada nesse período. Esse tema de começar a viver em um novo local é algo muito recorrente nas obras do diretor, presente em filmes como O Serviço de Entregas de Kiki e A Viagem de Chihiro.

Ah, mas que vontade que eu tenho de viver dentro desse filme...


VISUAL

Bom, não tem muito o que se avaliar nas animações do Studio Ghibli, né? Eles fazem o melhor trabalho de animação tradicional do mundo e em Totoro isso não é diferente. Como o filme se passa em uma área rural, a natureza desenhada nele consegue ser tão maravilhosa quanto a verdadeira. Só falta as árvores e as plantas brotarem da tela de tanta vida que essa animação transpira. A riqueza de detalhes em cada traço desse filme chega a ser grandiosa, especialmente nas cenas onde vemos chuva e vento - não há nada mais acalmante do que a sutileza das gotas d'água escorrendo nas folhas.



ÁUDIO

Se você assistiu a maioria dos filmes de Hayao Miyazaki, você sabe que tem uma pessoa que sempre deposita vida nas obras do diretor. Seu nome é Joe Hisaishi, compositor japonês responsável por praticamente todas as trilhas sonoras dos trabalhos de Miyazaki.

Em Totoro, Hisaishi consegue representar cada aspecto do filme de maneira excepcional. A beleza da natureza é cultivada em peças calmas e tranquilas, como a sublime The Path of Wind, enquanto a essência das crianças é representada através de melodias otimistas cujo ritmo acompanha cada passo alegre das garotas.



Mas eu acredito que o ponto alto da trilha sonora de Meu Vizinho Totoro são as músicas de abertura e encerramento. Ambas as músicas são voltadas especialmente para cativar o público infantil, porém é impossível não simpatizar com a melodia cativante e o vocal bem-humorado dessas duas peças. Elas são aquele tipo de música que fica presa na sua cabeça e você não consegue parar de cantarolar quando está andando ou fazendo qualquer coisa, mas não é aquele tipo de música que você pensa "caramba, isso não sai da minha cabeça!" que nem acontece com o funk brasileiro. 



No caso dessas duas, você fica feliz com o fato delas estarem te cativando, pois são temas que esbanjam felicidade, especialmente a de encerramento (no player acima), que faz você lembrar-se da Satsuki e da Mei sentadas no Catbus, dando aquele sorriso de "tudo deu certo :DDD".

Não há nada melhor do que isso para alegrar o seu dia.


CONCLUSÃO

A fama desse filme não existe à toa - ele realmente é tudo o que dizem. Nostálgico, bonito e extremamente carismático, Meu Vizinho Totoro te envolve com uma sensação de conforto e aconchego que nenhuma outra animação consegue fazer igual. É uma animação que todas as crianças, todos os adolescentes, todos os adultos e todos os idosos devem assistir.


-por Vinicius "vini64" Pires


Leia também meus outros textos sobre trabalhos do Studio Ghibli e relacionados:
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário: